Agência da ONU diz que países mais pobres devem fomentar negócios dinâmicos

A Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, considera que os países menos desenvolvidos do mundo devem fomentar negócios dinâmicos que criem empregos e ajudem a acabar com a pobreza.

No seu Relatório dos Países Menos Desenvolvidos de 2018, a agência da ONU examina o empreendedorismo e conclui que os governos devem priorizar empreendimentos dinâmicos e implementar políticas que os ajudem a prosperar.

Lusófonos

Os países menos desenvolvidos têm mais de 1 bilhão de pessoas, 13% da população mundial, representando apenas 1,3% do PIB

Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste fazem atualmente parte desta lista que é revista cada três anos.

O relatório analisa as condições para a criação e o crescimento de empresas de alto impacto nos Países Menos Desenvolvidos, PMDs. Este grupo é composto por 47 nações, a maior parte da África subsaariana, alguns países asiáticos e vários Estados insulares.

Relatório

Estes países têm um tratamento preferencial nos acordos de comércio mundial e políticas de mudanças climáticas devido às suas desvantagens crónicas.

O secretário-geral da Unctad, Mukhisa Kituyi, explica que “o relatório estabelece uma postura mais ativa para o Estado na promoção do empreendedorismo local dinâmico e transformacional.”

O responsável considera que “ao encorajar os decisores políticos a valorizarem os benefícios do empreendedorismo, este relatório faz uma contribuição inestimável aos esforços para agregar valor à implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável pelos países menos desenvolvidos.”

A entidade responsável por esta avaliação é o Comité de Política de Desenvolvimento, que reporta ao Conselho Económico e Social das Nações Unidas, Ecosoc.

O comité avalia o rendimento per capita, os ativos humanos e critérios de vulnerabilidade económica para determinar a lista.

Economias

Segundo o relatório, diversas características estruturais tendem a enfraquecer o empreendedorismo e o crescimento das empresas, incluindo finanças desequilibradas, infraestruturas limitadas, falta de instituições, pobreza, restrições ao empoderamento das mulheres e elevados riscos políticos, económicos e ambientais.

O resultado é que a maioria das empresas dos países menos desenvolvidos são micro ou pequenas empresas e 58% das empresas formais têm, no máximo, 20 empregados.

O relatório diz ainda que um grande número de pessoas nos países menos desenvolvidos é forçado ao empreendedorismo de pequena escala e baixo valor por necessidade.

O empreendedorismo é dominado pelo trabalho autónomo, que representa  70% do emprego total, micro e pequenas empresas informais com baixas taxas de  sobrevivência, de crescimento e pouca propensão a inovar.

As pequenas empresas representam 58% de todas as empresas desses países.

O relatório também revela que a grande maioria dos empresários dos países menos desenvolvidos é “orientada pela necessidade”.

A Unctad recomenda que os formuladores de políticas devem fornecer apoio adaptado ao ciclo de vida das empresas, com base em critérios de seleção objetivos e vinculando benefícios e incentivos ao seu desempenho.

A agência conclui ainda que a coerência e a coordenação entre políticas de empreendedorismo, políticas industriais, políticas e políticas rurais para ciência, tecnologia e inovação também são fundamentais, assim como o desenvolvimento de competências de empreendedorismo na educação.

Menos desenvolvidos

No total, os países menos desenvolvidos, PMDs, têm mais de 1 bilhão de pessoas, 13% da população mundial, representando apenas 1,3% do PIB e 1,1% do comércio mundial.

De acordo com o relatório, cerca de 270 milhões de trabalhadores nestes países eram independentes em 2017, o que geralmente é considerado uma forma de empreendedorismo. Este montante corresponde a 70% do emprego total, comparado com 50% em outros países em desenvolvimento.