Os serviços de prevenção e tratamento de doenças crônicas foram severamente interrompidos desde o início da pandemia de Covid-19, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde, OMS.
A pesquisa, realizada em 155 países em maio, confirma que o impacto é global, mas que os países de baixa renda são os mais afetados.
Consequências
Cerca de 53% das nações interromperam de forma parcial ou total os serviços para o tratamento da hipertensão. O mesmo ocorreu em 49% dos países com o tratamento de diabetes e complicações relacionadas à doença.
Já em relação ao câncer, os serviços foram interrompidos de alguma forma em 42% dos países. Emergências cardiovasculares sofreram consequências em 31% dos Estados-membros.
Em nota, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que “muitas pessoas que precisam de tratamento para doenças como câncer, cardiovasculares e diabetes não recebem os serviços de saúde e medicamentos necessários desde o início da pandemia.”
Para o chefe da OMS, “é vital que os países encontrem maneiras inovadoras de garantir que os serviços essenciais para essas doenças continuem.”
Em 94% dos países, o pessoal do Ministério da Saúde que trabalha na área de doenças crônicas. foi parcial ou totalmente transferido para apoiar a resposta à pandemia. O adiamento de programas de triagem para doenças como, por exemplo, câncer de mama e do colo do útero, aconteceu em mais de 50% dos países.
Os motivos mais comuns foram cancelamento de tratamentos, diminuição no transporte público e falta de pessoal. Nos países que tiveram interrupções, 20% dos casos estão relacionados com escassez de medicamentos, diagnósticos e outras tecnologias.
Cerca de 66% dos países incluíram serviços para doenças crônicas em seus planos nacionais de preparação e resposta. Existe, no entanto, uma diferença entre os países de alta renda, 72%, e os de baixa renda, 42%.
Os serviços de reabilitação também foram interrompidos em 63% dos países. Para a OMS, isso é preocupante porque a reabilitação é essencial para uma recuperação saudável após a Covid-19.
Estratégias
A pesquisa revela que alternativas foram estabelecidas na maioria dos países para apoiar as pessoas em maior risco. Entre os países que relatam interrupções, 58% estão usando a telemedicina para substituir consultas presenciais. Nos países de baixa renda, esse número é de 42%.
A OMS destaca que 70% dos países estão coletando dados sobre o número de pacientes com Covid-19 que também têm doenças crônicas, dizendo que esse é um sinal “encorajador”.
A diretora do Departamento de Doenças Crônicas da OMS, Bente Mikkelsen, disse que “ainda levará algum tempo” para conhecer todos os impactos que a pandemia teve nestes serviços.
Fonte: ONU News