Editoras de livros têm procurado autores que tragam pluralidade ao mercado editorial. Eles buscam atender a leitores que se identificam e buscam uma sociedade mais justa e plural. Isso tem garantido um crescimento do número de livros escritos por autores, vistos ainda em nossa sociedade, infelizmente, como parte de ‘minorias’. Alguns títulos, inclusive, têm alcançado elevadas posições nas listas de mais vendidos.
“Hoje a diversificação de seus catálogos é prioridade para muitas editoras. Elas enxergaram essa evolução no modo de pensar e agir dos leitores em relação à diversidade. É um marco muito positivo para a literatura e para a nossa sociedade”, destaca Eduardo Villela, book advisor e especialista em assessorar pessoas e famílias na estruturação, escrita e publicação de seus livros.
Um bom exemplo disso, é a autora Carolina de Jesus. Ela está sendo reconhecida postumamente como importante contadora de histórias. Sua obra desperta o debate sobre as nossas desigualdades sociais. O seu romance “Quarto de Despejo”, publicado em agosto de 1960, já traduzido para 13 idiomas, narra de maneira fiel sua vida em busca da sobrevivência como catadora de lixo na metrópole de São Paulo e o cotidiano dos moradores de favelas.
Eduardo explica que já não era sem tempo essa atualização do mercado editorial. “As pessoas estão buscando nos livros um meio para refletirem mais e se colocarem como protagonistas para tornar a sociedade mais justa. Eu fico muito feliz que isso esteja acontecendo e destaco alguns títulos que se encaixam neste perfil, como por exemplo “Meu caminho até a cadeira número 1”, de Rachel Maia, que conta a trajetória de como esta respeitada executiva construiu uma bem-sucedida carreira em importantes empresas globais sendo mulher, negra e de origem social humilde; “A favela venceu”, escrito por Rick Chesther, que traz lições sobre como, a partir do zero, é possível sair da inércia e vencer na vida; outro exemplo que posso citar é “O catador de sonhos”, de Geraldo Rufino, que mostra como o autor começou sua vida sendo um catador de lixo reciclável, nunca se deixando abalar pelas dificuldades e crises, e fundou a JR Diesel, o maior centro de desmontagem de caminhões da América Latina. São livros que trazem um olhar profundo sobre os seres humanos e suas diferenças. Levantam a discussão fundamental sobre o nosso papel como agentes de transformação na sociedade”, completou.
Eduardo Villela finaliza: “pensar em diversidade, como por exemplo autores negros, autoras mulheres, escritores portadores de necessidades especiais e autores da comunidade LGBTQIA+, é uma tendência em crescimento e uma resposta das editoras a uma demanda da sociedade atual. Em um país como o Brasil, marcado pelo conservadorismo, preconceitos e desigualdades de vários tipos, é um avanço importantíssimo, que merece ser comemorado”.