Lesoto: O “Reino no Céu” que Donald Trump nunca ouviu falar

Em seu discurso ontem no Congresso americano, o presidente Donald Trump afirmou que “ninguém nunca ouviu falar” do Lesoto, um país africano único e fascinante. Mas, para muitos, Lesoto é conhecido por suas montanhas imponentes, recursos valiosos e pela rica cultura de seu povo Basotho.

Lesoto é um pequeno país no sul da África, completamente cercado pela África do Sul, mas com uma identidade própria e características que o tornam um destino fascinante e incomum, como a estação de esqui mais alta da África Subsaariana e uma rica tradição cultural.

Lesoto: conhecendo o país que está “Acima de Tudo”

Em um comentário recente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou surpresa ao dizer que “ninguém nunca ouviu falar” do Lesoto. Esse pequeno país montanhoso no sul da África, cercado pela África do Sul, é, na verdade, um lugar de grande interesse geográfico, cultural e social. Vamos corrigir essa afirmação e explorar o que torna Lesoto tão único.

O “Reino no Céu”: o país de elevada beleza natural

Lesoto é conhecido como o “Reino no Céu” devido à sua impressionante geografia montanhosa. O país é o único do mundo que fica inteiramente acima de 1.000 metros de altitude, com o ponto mais baixo a 1.400 metros. Esse território de terras altas é de difícil acesso, com muitas aldeias só podendo ser alcançadas a pé, a cavalo ou de avião. A dificuldade de acesso não impede que Lesoto seja um lugar de beleza natural inquestionável, com paisagens que atraem turistas e aventureiros do mundo inteiro.

A pista de Matekane: uma das mais desafiadoras do mundo

Lesoto também é famoso pela Pista de Matekane, uma das mais desafiadoras para pousos e decolagens no mundo. A pista de Matekane é curta e apresenta declives dramáticos nas extremidades, tornando o processo de pouso um verdadeiro teste de coragem para os pilotos. A descrição da Business Insider a compara ao momento em que um pássaro é empurrado para fora do ninho para aprender a voar. Isso não apenas ilustra as dificuldades geográficas do país, mas também suas singularidades.

Totalmente cercado pela África do Sul

Embora o Lesoto seja um país independente, ele está completamente cercado pela África do Sul. A única maneira de entrar ou sair do país é atravessando a África do Sul. A relação entre os dois países vai além das fronteiras geográficas, já que o Lesoto compartilha algumas características culturais e linguísticas com seus vizinhos sul-africanos. O sesotho, uma das línguas oficiais de Lesoto, também é falado na África do Sul.

O “Ouro Branco” de Lesoto

Embora a agricultura no Lesoto seja limitada devido à sua geografia acidentada, o país é rico em água, conhecida localmente como “ouro branco”. A água de Lesoto é exportada para a África do Sul, contribuindo significativamente para a economia dos dois países. Além disso, o país também é produtor de diamantes, outro importante recurso natural.

Esqui em altitude: o resort africano no alto das montanhas

Lesoto pode não ser o primeiro lugar que vem à mente quando se pensa em esqui, mas o país possui o resort de esqui mais alto da África Subsaariana. O Afriski, localizado a 3.222 metros de altitude nas montanhas Maloti, oferece uma experiência única para os entusiastas do esporte, atraindo visitantes não apenas da África, mas de várias partes do mundo.

Cultura rica: os Basotho e seus símbolos

Os habitantes de Lesoto, conhecidos como Basotho, têm uma cultura vibrante que se reflete em seus cobertores tradicionais e nos chapéus cônicos chamados mokorotlo, que são símbolos nacionais do país. Esses cobertores de lã grossa são usados em eventos especiais e são conhecidos por seus padrões intrincados, cada um contando uma história específica da cultura Basotho. A bandeira de Lesoto inclui um mokorotlo, destacando a importância desses elementos culturais.

Desafios sociais: taxas de HIV e suicídio

Lesoto enfrenta sérios desafios sociais. O país tem uma das maiores taxas de HIV do mundo, com cerca de um em cada cinco adultos vivendo com o vírus. A resposta ao HIV tem sido uma prioridade para organizações internacionais, como o governo dos EUA, que tem investido recursos para ajudar no tratamento e prevenção da doença. Além disso, Lesoto também enfrenta uma taxa alarmante de suicídios, sendo o país com a maior taxa de suicídio do mundo, com 87,5 suicídios por 100.000 habitantes. As causas incluem questões relacionadas ao abuso de drogas e álcool, escassez de empregos e a falta de suporte para saúde mental.

Interesse internacional: O príncipe Harry e a caridade

Lesoto também ganhou notoriedade internacional graças ao príncipe Harry, que, junto com seu amigo príncipe Seeiso do Lesoto, fundou a Sentebale, uma instituição de caridade dedicada a ajudar jovens afetados pelo HIV/Aids. O príncipe Harry tem uma forte ligação pessoal com o país, o que levou a um aumento no interesse global sobre a situação de Lesoto.

Exportações: roupas e moda para os EUA

Menos conhecida, mas igualmente importante, é a indústria têxtil de Lesoto. O país se tornou um dos maiores exportadores de roupas da África Subsaariana para os EUA, incluindo jeans e outros tecidos. Essas exportações são facilitadas pelo African Growth and Opportunity Act (Agoa), que permite que países africanos qualificados enviem produtos para os EUA sem tarifas.

O Lesoto não é um país desconhecido, mas um destino fascinante

Contrariando a afirmação do presidente Trump, Lesoto é, na verdade, um país com uma rica história, uma cultura fascinante e uma geografia única. Embora seja pequeno e frequentemente negligenciado, Lesoto tem muito a oferecer, desde suas montanhas imponentes até suas contribuições culturais e econômicas para a região. O país pode ser desconhecido para alguns, mas para aqueles que o conhecem, Lesoto é uma joia escondida no coração da África.

Brasil e tarifas

No mesmo discurso, Trump referiu-se ao Brasil como um dos países que mais taxam os produtos americanos e prometeu aumentar as tarifas referentes ao produtos brasileiros.