
Inflação acelera em fevereiro, impulsionada por reajustes em Educação, Habitação e combustíveis. Alta acumulada em 12 meses chega a 5,06%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,31% em fevereiro, registrando a maior alta para o mês desde 2003. O avanço contrasta com a taxa de 0,16% de janeiro e reflete reajustes expressivos nos grupos Educação (4,70%) e Habitação (4,44%). No acumulado do ano, a inflação atinge 1,47%, enquanto o acumulado de 12 meses alcança 5,06%, acima dos 4,56% do período anterior.
Principais fatores da alta inflacionária
O aumento da inflação foi impulsionado principalmente pelos reajustes anuais das mensalidades escolares, a alta do preço da energia elétrica residencial e dos combustíveis. Apesar de alguns alimentos apresentarem desaceleração nos preços, a pressão inflacionária segue afetando o orçamento das famílias e setores como a construção civil.
O grupo Educação liderou os avanços, com um aumento de 4,70% no mês, resultado dos reajustes anuais das mensalidades escolares. Os aumentos foram mais expressivos no ensino fundamental (7,51%), ensino médio (7,27%) e pré-escolar (7,02%).
No setor de Habitação, a alta de 4,44% foi impulsionada pelo aumento de 16,80% na energia elétrica residencial, após a forte queda de janeiro (-14,21%) devido ao Bônus Itaipu. Também contribuíram para a alta os reajustes nas tarifas de água e esgoto em cidades como Belo Horizonte, Campo Grande e Porto Alegre.
O grupo Transportes teve alta de 0,61%, impulsionado pelo aumento dos combustíveis (2,89%), com destaque para o óleo diesel (4,35%), etanol (3,62%) e gasolina (2,78%). O reajuste das tarifas de transporte público em diversas capitais também influenciou o resultado. Em São Paulo, as passagens de ônibus subiram 12,01%, enquanto em Salvador o aumento foi de 7,69%.
No grupo Alimentação e Bebidas (0,70%), a alimentação no domicílio desacelerou em relação a janeiro (1,07%), mas itens como ovos de galinha (15,39%) e café moído (10,77%) ainda registraram alta. Por outro lado, produtos como batata-inglesa (-4,10%), arroz (-1,61%) e leite longa vida (-1,04%) tiveram queda.
Inflação regional: Aracaju lidera
Entre as regiões pesquisadas, Aracaju registrou a maior variação mensal (1,64%), impulsionada pelo aumento da energia elétrica residencial (19,20%) e da gasolina (3,29%). Fortaleza teve a menor variação (1,03%), beneficiada pela queda nos preços de passagens aéreas (-18,56%) e da gasolina (-3,31%).
INPC também acelera
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, subiu 1,48% em fevereiro, acumulando 4,87% nos últimos 12 meses. A alta foi puxada por itens não alimentícios, que passaram de -0,33% em janeiro para 1,72% em fevereiro.
Aracaju liderou as altas regionais também no INPC (1,79%), enquanto Goiânia registrou a menor variação (1,01%), beneficiada pela redução nos preços das passagens aéreas (-26,67%) e carnes (-1,95%).
Impactos e perspectivas
O avanço da inflação em fevereiro reflete fatores sazonais, como os reajustes educacionais e de serviços públicos, mas também indica pressões persistentes nos preços de combustíveis e alimentos. A taxa acumulada de 12 meses (5,06%) aproxima-se do teto da meta de inflação estipulada pelo Banco Central, que é de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual.
Esse cenário impõe desafios, especialmente para famílias de baixa renda, mais impactadas pelos aumentos em itens essenciais como alimentação e transporte. A política monetária, com a manutenção de taxas de juros elevadas, deve seguir como ferramenta central no controle inflacionário no curto prazo.
Construção civil também sente impacto
O setor da construção civil foi fortemente afetado pela inflação em fevereiro. O custo nacional da construção civil, medido pelo SINAPI, apresentou alta de 0,23% no mês, acumulando 4,39% nos últimos 12 meses. O custo por metro quadrado subiu de R$ 1.799,82 em janeiro para R$ 1.803,90 em fevereiro, com aumentos tanto na parcela de materiais quanto na de mão de obra.
A energia elétrica, que teve forte alta no mês, representa um custo significativo para o setor, encarecendo as operações das construtoras. Além disso, insumos como cimento e aço continuam pressionando os orçamentos das obras. Especialistas alertam que a pressão inflacionária pode dificultar novos investimentos e encarecer projetos em andamento.
A recuperação do setor dependerá do controle da inflação e de medidas para estimular o investimento em infraestrutura e habitação. Enquanto isso, empresas da construção devem buscar estratégias para reduzir desperdícios e otimizar custos em um cenário desafiador.
Com informações da Agência IBGE de Notícias