
Elevação da temperatura das águas acelera proliferação e ameaça leões-marinhos e elefantes-marinhos.
A costa da Califórnia enfrenta um grave problema ambiental: a proliferação de algas tóxicas está adoecendo e matando um número crescente de mamíferos marinhos. Impulsionado pelo aumento da temperatura do oceano, o fenômeno ameaça tornar 2025 o ano mais letal para leões-marinhos e elefantes-marinhos.
Ácido domoico: a toxina letal
O problema tem origem em uma toxina neurológica chamada ácido domoico, produzida pelas algas. Essa substância causa convulsões, letargia e encalhes nos animais, segundo o Marine Mammal Care Center, organização de resgate sem fins lucrativos.
Embora a proliferação de algas tóxicas seja um processo natural, especialistas apontam que o fenômeno tem sido mais intenso nos últimos quatro anos devido ao aumento da temperatura das águas. Este ano, o problema começou mais cedo, já em fevereiro, ampliando os riscos para a fauna marinha.
Centros de resgate estão sobrecarregados
A gravidade da situação é evidente no Marine Mammal Care Center, que já acolhe até oito mamíferos marinhos por dia. “Temos espaço para cerca de 120 animais, e já estamos com mais de 50”, disse John Warner, CEO do centro, à NBC News. Ele alerta que, se o volume continuar aumentando, a capacidade de atendimento poderá ser rapidamente esgotada.
Em comparação, em 2023, o centro havia cuidado de 70 leões-marinhos até julho. Este ano, no início de março, quase metade das vagas já estava ocupada.
Impactos na reprodução e futuro da espécie
Os efeitos da toxina não se limitam à saúde imediata dos animais. Especialistas temem que a proliferação de algas impacte negativamente a reprodução dos leões-marinhos. As Ilhas do Canal, que abrigam 85% da população reprodutiva da espécie na Califórnia, já registram um aumento nos casos de abortos e partos prematuros.
“Os corpos das fêmeas estão tão debilitados que elas não conseguem levar a gestação até o fim”, explicou Warner. Ele acrescentou que muitas leoas-marinhas resgatadas este ano estavam prenhes, mas apresentavam sinais graves de intoxicação.
Além disso, cientistas ainda não sabem quais são os efeitos a longo prazo da toxina neurológica nos mamíferos. Porém, dados preliminares indicam uma queda no número de nascimentos na região.
Possíveis causas do agravamento
Embora a elevação da temperatura da água seja o principal fator identificado, especialistas ainda investigam outros elementos que podem estar intensificando a proliferação de algas tóxicas. A NBC News aponta que as cinzas dos incêndios florestais que devastaram Los Angeles, ou até mesmo os retardantes químicos usados para apagar o fogo, podem estar contribuindo para o problema.
Os cientistas alertam que a falta de dados científicos robustos dificulta entender completamente o impacto desses fatores e encontrar soluções eficazes.