Alimentos pressionam e inflação sobe 0,56% em março, informa IBGE

Acumulado em 12 Meses Supera 5,4%.

A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 0,56% em março, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora represente uma desaceleração significativa em relação à taxa de 1,31% de fevereiro, o índice foi fortemente pressionado pelo aumento nos preços de Alimentação e bebidas, que sozinho respondeu por quase metade (45%) da inflação do mês.

Com o resultado de março, o IPCA acumula um avanço de 2,04% no primeiro trimestre do ano. Além disso, a inflação acumulada nos últimos 12 meses acelerou, passando de 5,06% em fevereiro para 5,48% em março, mantendo-se acima do centro da meta estabelecida pelo governo. A variação de março deste ano foi consideravelmente superior à registrada no mesmo mês de 2024 (0,16%).

Alimentos: o grande vilão do mês

O grupo Alimentação e bebidas foi o principal motor da inflação em março, saltando de uma alta de 0,70% em fevereiro para 1,17%. O impacto no índice geral foi de 0,25 ponto percentual. Itens essenciais no dia a dia do consumidor estiveram entre os que mais subiram:

  • Tomate: Disparou 22,55%.
  • Ovo de galinha: Subiu 13,13%.
  • Café moído: Registrou alta de 8,14%.

Juntos, esses três produtos responderam por um quarto da inflação do mês. Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa no IBGE, explica os fatores por trás dessas altas. “Para o tomate, com o calor dos meses de verão, houve uma aceleração na maturação, levando a antecipação da colheita […] Sem essas áreas de colheita em março, houve uma redução na oferta”. No caso dos ovos, o aumento reflete o custo do milho para ração e a maior demanda durante a Quaresma.

Já o café moído acumula uma impressionante alta de 77,78% nos últimos 12 meses. “[Isso foi] impulsionada pelo aumento do preço no mercado internacional dada a redução de oferta do grão em escala mundial, com a quebra de safra no Vietnã devido a adversidades climáticas”, destaca Gonçalves.

Transportes desaceleram, mas passagem aérea sobe

O grupo Transportes teve o segundo maior impacto (0,09 p.p.), com variação de 0,46%. Contudo, houve uma desaceleração em relação a fevereiro (0,61%). Um destaque foi a passagem aérea, que reverteu a forte queda de fevereiro (-20,46%) e subiu 6,91% em março.

Por outro lado, os combustíveis (0,46%) aliviaram a pressão, desacelerando fortemente ante os 2,89% de fevereiro. A gasolina variou 0,51% (contra 2,78% no mês anterior). Notavelmente, houve redução de 1,09% na tarifa de ônibus urbano, refletindo reajustes e gratuidades pontuais em cidades como Porto Alegre, Curitiba e Brasília.

Outros destaques

  • Despesas Pessoais: Aceleraram de 0,13% para 0,70%, com o terceiro maior impacto (0,07 p.p.), puxadas pelo fim de promoções em cinema, teatro e concertos (7,76%).
  • Habitação: Desacelerou bruscamente de 4,44% para 0,24%. A energia elétrica residencial, que havia disparado em fevereiro, subiu apenas 0,12% em março, influenciada por reajustes e mudanças em alíquotas de PIS/Cofins.
  • Outros Grupos: Também desaceleraram Artigos de residência, Saúde e cuidados pessoais, e Educação. Em contrapartida, Vestuário e Comunicação registraram aceleração.

INPC e variações regionais

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, subiu 0,51% em março (ante 1,48% em fevereiro). O acumulado em 12 meses do INPC atingiu 5,20%.

Regionalmente, as maiores variações do IPCA ocorreram em Curitiba e Porto Alegre (ambas com 0,76%), pressionadas pela alta da gasolina. As menores foram em Rio Branco e Brasília (ambas com 0,27%), influenciadas pela queda nas passagens aéreas e redução na tarifa de ônibus urbano, respectivamente.

O próximo resultado do IPCA, referente a abril, será divulgado pelo IBGE em 9 de maio.