Ataque a helicóptero da ONU em Sudão do Sul deixa mortos e feridos em evacuação crítica

Foto: ONU News

Um helicóptero das Nações Unidas, que realizava uma operação de evacuação em Nasir, no Sudão do Sul, foi atacado nesta sexta-feira. O ataque resultou na morte de um membro da tripulação e deixou outros dois gravemente feridos. Durante a tentativa de retirada, vários membros das Forças de Defesa do Sudão do Sul (SSPDF), incluindo um general ferido, também perderam a vida.

Ataque Condenado

A operação de resgate havia sido aprovada por todas as partes envolvidas no conflito. A evacuação fazia parte dos esforços da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) para prevenir a violência em Nasir e reduzir as tensões políticas, especialmente após recentes confrontos entre a SSPDF e jovens armados, que resultaram em significativas baixas e deslocamento de civis.

Nicholas Haysom, representante especial do secretário-geral e chefe da UNMISS, classificou o ataque como “totalmente abominável” e indicou que poderia ser considerado um crime de guerra sob o direito internacional. Ele expressou suas condolências pela trágica perda de soldados da ONU e pelos entes queridos das vítimas.

Investigação e Responsabilização

Haysom também lamentou a morte daqueles que estavam sendo resgatados, enfatizando que havia garantias de passagem segura. A UNMISS solicitou uma investigação para identificar os responsáveis e garantir que sejam responsabilizados.

A missão fez um apelo para que todos os envolvidos se abstenham de atos de violência e pediu aos líderes do país que intervenham urgentemente para resolver as tensões através do diálogo. A UNMISS destacou a importância de garantir que a situação de segurança em Nasir não se deteriore ainda mais, reiterando a necessidade de que as partes cumpram seu compromisso com o cessar-fogo e a integridade do Acordo de Paz Revitalizado.

Contexto da Violência

Nas últimas semanas, a região do Alto Nilo tem enfrentado intensos combates, que ameaçam um já frágil acordo de paz entre o presidente Salva Kiir e o vice-presidente Riek Machar. Em 2013, um desentendimento entre eles deu início a uma guerra civil que durou cinco anos, resultando em 400.000 mortes e 2,5 milhões de deslocados. Um acordo de paz foi assinado em 2018, mas a situação tem se mantido tensa.

A UNMISS tem realizado evacuações de tropas feridas da zona de conflito, em colaboração com o Exército do Sudão do Sul e o Exército Branco, uma milícia étnica que apoiou Machar durante a guerra. Haysom reiterou o compromisso da missão em proteger seus integrantes e lamentou a perda de vidas durante a operação.

O general que morreu no ataque foi identificado como Gen Majur Dak, comandante das forças estacionadas em Nasir. O presidente Kiir pediu calma à população e afirmou que o governo está determinado a enfrentar a crise sem permitir que a situação se agrave. “Reitero que nosso país não voltará à guerra. O governo, que eu lidero, lidará com essa crise”, afirmou.

O Sudão do Sul, que se tornou a nação mais nova do mundo ao se separar do Sudão em 2011, enfrenta agora um momento crítico em sua história.