Comer fora de casa consome um terço das despesas das famílias com alimentação

Imagem de Gundula Vogel por Pixabay

Comer fora de casa tem sido uma opção para cada vez mais pessoas. Do total das despesas das famílias brasileiras com alimentação, quase um terço (32,8%) é dedicado a refeições fora do domicílio. Os dados são dos primeiros resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgada hoje pelo IBGE.

Na comparação com os dados da pesquisa anterior, realizada entre 2008 e 2009, chama atenção o aumento da alimentação fora do domicílio da área rural, que pulou de 13,1% para 24%, ao passo que na área urbana ficou estável, por volta de 33%.

“É possível que haja uma mudança na área rural, como mais pessoas trabalhando fora ou mais mulheres no mercado de trabalho, por exemplo”, comentou o gerente da pesquisa, André Martins. “Com mais acesso ao mercado de trabalho, sobra menos tempo para o consumo no domicílio e a preparação dos alimentos”, explicou.

Para a alimentação no domicílio, a distribuição dos alimentos adquiridos pode ilustrar essas mudanças de hábitos. As despesas com cereais, leguminosas e oleaginosas, produtos associados ao preparo da comida em casa, vêm caindo ao longo do tempo, passando de 10,4%, em 2003, para 5% nesta última pesquisa. O grupo de óleos e gorduras, que em 2003 contribuía para 3,4% das despesas com alimentação, agora chegou a 1,7%.

Por outro lado, a participação de alimentos preparados e bebidas ou infusões tem crescido ao longo das pesquisas. “Este é um fator importante sobre a condição de nutrição das famílias, pois são produtos muito associados a consumo de açúcares, gordura e sódio”, explicou André.

A alimentação fora do domicílio também é um fator de preocupação para a nutrição dos brasileiros. “Os nutricionistas veem com cautela essa questão, já que há mais chances de se consumirem alimentos de baixa qualidade nutricional, como lanches e fast food”, disse o gerente da POF.

Um ponto positivo para o pesquisador é a estabilidade de alguns tipos de alimentos mais saudáveis, que podem ser consumidos em casa e dispensar o preparo, como as frutas, legumes e verduras. “Isso mostra como os extremos são desiguais na hora de colaborarem para rendimento médio mensal das famílias brasileiras”, concluiu André.

Fonte: Agência IBGE