* Bia Nóbrega
Em qualquer momento de nossas vidas, a inteligência emocional é uma competência que faz a diferença em nossa vida. Agora, na quarentena, essa habilidade se tornou ainda mais importante.
Comportamentos como autossabotagem, aborrecimento, culpar outras pessoas, ansiedade e a dificuldade em interpretar as emoções são alguns dos mais comuns que revelam, não necessariamente a falta de inteligência emocional, mas principalmente, maus hábitos que desenvolvemos e carregamos vida afora.
E agora, mais do que nunca, é hora de eliminar maus hábitos e aprender com quem está lidando bem com a pandemia:
Pare de se preocupar com o futuro
Preocupar-se com o futuro significa negar a natureza incerta da vida. Almejamos ordem e certeza, mas há uma grande diferença entre tomar medidas para reduzir a incerteza e ficar tão aterrorizado com isso, como muitos agora estão, que nos iludimos ao ponto de acreditar que podemos eliminá-la. Pré-ocupar-se pensando ou executando inúmeros cenários hipotéticos não significa que você esteja melhor preparado para o futuro. Pessoas emocionalmente inteligentes entendem que a vida é inerentemente incerta e entendem que é melhor encarar essa realidade. Quando você para de se preocupar com o futuro, sobra tempo e energia para viver o hoje, o aqui e agora, em sua plenitude.
Pare de reviver o passado
Ruminar o passado, com seus erros – e também acertos – é uma tentativa equivocada de controle, outra necessidade humana. Todavia, a análise recorrente de seus erros passados não mudará o que aconteceu. Pessoas emocionalmente inteligentes não apenas entendem, mas aceitam, esta triste realidade. Se você deseja seguir em frente com sua vida, em vez de ficar preso no passado, deve aceitar o passado pelo que é – incluindo se sentir impotente. Em caso de dúvida, aja no presente, faça algo útil agora, por menor que seja, e resista à tentação de reproduzir mais uma vez comportamentos do seu passado.
Pare de criticar o “mundo”
Criticar os outros geralmente é um mecanismo de defesa inconsciente que visa aliviar nossas próprias inseguranças. Pensar com cuidado e crítica sobre o mundo ao nosso redor é uma necessidade, pois nos ajuda a navegar pelo mundo e nossos relacionamentos de maneira mais objetiva. Todavia, o hábito de criticar os outros, a empresa, o Governo, o “mundo”, pode levar ao oposto da objetividade: nos tornar tacanhos e cegos.
Uma das razões pelas quais é tão fácil passar a criticar os outros habitualmente é que isso nos faz sentir bem: quando você diz que alguém é ignorante, no fundo o que está dizendo é que você é inteligente, ou quando você ri da roupa que alguém está vestindo, no fundo o que está pensando é que você se veste bem e quando você critica o presidente da empresa onde trabalha ou os governantes, no fundo o que está querendo acreditar é que no lugar deles, com certeza, faria melhor.
Críticas úteis são sobre melhorar o mundo. Críticas inúteis são sobre como se sentir melhor. Embora ser crítico possa temporariamente fazer você se sentir bem consigo mesmo, geralmente faz com que você se sinta pior a longo prazo. Pessoas emocionalmente inteligentes entendem que criticar os outros é apenas um mecanismo de defesa primitivo, e que existem maneiras muito melhores e mais produtivas de lidar com nossas ansiedades e inseguranças. Criticar os outros é um desperdício de tempo e energia, que poderiam ser investidos na melhoria de si e do mundo ao seu redor.
Pare de esperar demais
Sempre digo que “satisfação é igual realidade menos expectativa” e que “só há um jeito para ser feliz, controlar a expectativa, já que há diversas outras variáveis que não controlamos”. Expectativas irrealistas são uma tentativa equivocada de controlar pessoas e situações. Manter uma expectativa irrealista significa que você passa um tempo criando histórias em sua mente sobre o que as outras pessoas devem fazer e/ou como as situações devem ocorrer. E quando não ocorre como imaginado, inevitavelmente, você se sente frustrado(a) e decepcionado(a). Como você responde a essa frustração e decepção? Criando expectativas ainda mais elaboradas, porque isso faz você se sentir bem e no controle.
A solução é controlar sim, mas somente suas expectativas. Pare de criar histórias e apenas esteja presente para a pessoa que é. Se entregue para suas lutas atuais ao invés de sonhar acordado com seus sucessos futuros, estabeleça limites possíveis de comportamento ao invés de desejar a perfeição, aceite as pessoas onde e como elas estão, em vez de onde e como você quer que elas estejam.
Bia Nóbrega é coach, mentora, palestrante, conselheira e executiva há mais de 22 anos na Área de Recursos Humanos.