Consumidores continuam pessimistas e veem economia pior do que em 2016, apontam pesquisas

O levantamento também apurou como está a renda familiar, a capacidade de pagamento das contas, o nível de endividamento, e quais são as expectativas sobre a política e economia do País para 2018

Os consumidores brasileiros continuam pessimistas. É o que mostra o Indicador de Confiança do Consumidor (ICC), medido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).

O cálculo mensal é baseado em avaliações da economia e da própria vida financeira, quanto ao momento atual e expectativas para os próximos seis meses. Numa escala de zero a 100, foram registrados 41,4 pontos em fevereiro, índice abaixo do nível neutro de 50 pontos, refletindo a má avaliação da economia. O resultado é pouco diferente dos 41,9 pontos de janeiro.

O subindicador de Percepção do Cenário Atual, que compõe o Indicador de Confiança, acusou 29,7 pontos em fevereiro de 2017, sendo que a avaliação da vida financeira ficou em 39,8 pontos.

Já a avaliação da situação econômica atual obteve 19,5 pontos. Em termos percentuais, quatro em cada dez consumidores (42%) classificam a própria vida financeira como ruim ou muito ruim. Os que a classificam como regular somaram 41%, enquanto 15% a consideram boa ou muito boa.

Os principais motivos para a avaliação negativa são o orçamento apertado e dificuldades para pagar as contas (33%), desemprego (31%) e atraso no pagamento de dívidas (15%). Com relação à economia, 82% dos entrevistados acreditam que a situação está ruim ou muito ruim, contra somente 3% que consideram a situação boa ou muito boa. Para 14%, o quadro econômico atual é regular.

Quadro econômico atual é regular para 14%

Entre os que fazem uma avaliação negativa, a maioria relativa (49%) atribui o resultado à corrupção e ao mau uso dos recursos públicos. Outros 27% creditam ao alto desemprego e 15% disseram que os preços dos produtos aumentaram.

“A percepção quase unânime de que a economia vai mal é reflexo de dois anos seguidos de recessão econômica”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, em nota.

“Mesmo quem não foi atingido diretamente pela crise tem conhecimento das más notícias do cenário econômico e é por isso que a percepção de deterioração da economia é mais acentuada do que a da vida financeira”, explica.

Com relação às expectativas para a própria vida financeira, a maioria absoluta (56%) está otimista. Outros 26% não estão nem pessimistas nem otimistas e 14% mostram-se pessimistas.

Entre os otimistas, o principal motivo é acreditar em arrumar novo emprego ou receber uma promoção (31%). Já entre os pessimistas, os principais motivos apontados são: descrença na melhora da economia (27%), situação financeira atual muito ruim (20%), preço das coisas continua aumentando (19%) e medo do desemprego (11%).

O indicador também revelou que o mau momento da economia reflete-se de várias maneiras na vida dos brasileiros. O que mais tem pesado, no entanto, é o custo de vida, mencionado por 53% dos entrevistados.

O desemprego, que atinge quase 13 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi mencionado por 21% dos entrevistados, o endividamento por 11% e a queda da renda por 10%.

Somente 4% disseram que nada pesa no orçamento familiar. Ainda de acordo com o indicador, 47% dos entrevistados afirmam ter pelo menos um desempregado em casa, sendo que 21% moram com pelo menos duas pessoas nessa condição.

“O desemprego é um dos efeitos sociais mais sensíveis da crise econômica. Impacta diretamente na confiança dos consumidores e, portanto, no consumo”, disse Marcela Kawauti. Na opinião dos entrevistados, o que contribui para o alto custo de vida é o aumento nos preços do supermercado (64%), aumento na conta de luz (58%) e na telefonia 38%.

SCPC

Pesquisa da Boa Vista SCPC questionou se a renda familiar é suficiente para pagar os gastos fixos no final do mês, e a resposta não foi nada animadora. Mesmo alegando suficiência de renda para pagar as contas, a dificuldade em pagá-las no final do mês abrange mais de 50% dos consumidores, independente da classe social.

Uma outra pergunta feita na pesquisa da foi: considerando a renda mensal atual da família, você diria que pagar as contas do mês (contas fixas, como água, luz, telefone, TV paga, conta do celular), cartões, financiamentos e outras despesas extras, é algo? Para 51% difícil e para 32% muito difícil.

Para 65% o poder de compra diminuiu em relação ao ano passado. Ou seja, tem comprado menos atualmente. Já 24% afirmam que o poder de compra em relação a 2016 está igual, mantendo assim as mesmas compras que já estavam acostumados.

A Boa Vista SCPC também quis saber como estão os hábitos dos consumidores com relação as suas economias. A pesquisa constatou que 77% não estão conseguindo poupar, contra 23% que têm conseguido guardar algum dinheiro. Daqueles que conseguem poupar no fim do mês, 56% optam pela poupança. 31%, no entanto, afirmam aplicar em fundos, ações, CDB e outras modalidades de investimentos. E 13% em previdência privada.

E se o cenário econômico atual não está fácil para a maioria das pessoas, a Boa Vista também perguntou como está o comprometimento com o pagamento das contas. No geral, 8 em cada 10 consumidores afirmam que já tiveram crédito negado em virtude da restrição no SCPC e, 49% deles dizem estar negativados atualmente.

Divisão por classe social

A maioria da classe DE se coloca como menos informada com relação às questões políticas e econômicas do País, com 21% dos respondentes. 56% dos entrevistados da classe AB, em contrapartida, afirmam estar totalmente informados sobre as questões políticas e econômicas do País. A maioria da classe C (59%) alega estar parcialmente bem informado sobre o cenário político e econômico atual. A maioria da classe DE (52%) também acredita que a economia hoje está pior do que em 2016. A expectativa de um cenário melhor em 2018 é consenso em todas as classes AB (77%) e C e DE (79%), respectivamente.

A sondagem da Boa Vista SCPC perguntou ainda aos consumidores o que levam em consideração, em primeiro lugar, ao decidir pela compra dos seguintes produtos ou serviços. Os entrevistados das classes AB e C buscam por qualidade em quase todos os itens. Promoções prevalecem na classe DE.

Perfil dos entrevistados

Maioria do público representa as classes D/E. Aproximadamente 70% residem no Sudeste do país. Prevalecem os homens e os que moram com a família. Os mais jovens concentram-se nas classes DE. 17% dos consumidores da classe DE estão desempregados. 34% fazem “bico” ou trabalho extra. Em média, 65% dos consumidores são casados e possuem filhos. Na classe AB este percentual cai para 62%.

Metodologia SCPC

Esta pesquisa teve como objetivo identificar se o consumidor conhece o Código de Defesa do Consumidor e quais são seus direitos. E mais, identificar também a percepção sobre a atual conjuntura política e econômica e suas perspectivas, seus hábitos de poupar, bem como quais são os serviços que já tiveram algum tipo de problema. A aplicação da pesquisa se deu via Internet, por meio do Portal Consumidor Positivo, ao longo do período de 31 de janeiro até 13 de fevereiro, e contou com a participação de 1.169 respondentes.

Como foi feita a pesquisa do ICC

Foram entrevistados 801 consumidores em 12 capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém.

A pesquisa foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Os dados foram  coletados  pela internet e presencialmente entre os  dias 1º e 14 de fevereiro.

 

Com informações da Agência Brasil

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