
No coração de Vitória, paneleiras transformam barro em arte, perpetuando um legado ancestral que alimenta a cultura e a gastronomia do Espírito Santo.
Em Goiabeiras, Vitória, o barro ganha vida nas mãos das paneleiras, artesãs que moldam a argila em panelas de barro, símbolo da cultura capixaba. Essa tradição, que remonta aos povos originários e africanos, transcende a simples produção de utensílios, representando um elo entre o passado, o presente e o futuro da gastronomia local.
Do Vale do Mulembá à Mesa:
O Vale do Mulembá, berço da argila utilizada pelas paneleiras, é um santuário de biodiversidade e cultura. Lá, a extração artesanal da argila, realizada com respeito à natureza, garante a qualidade e a autenticidade das panelas. Essa conexão com a terra, aliás, se reflete no sabor único dos pratos preparados nas panelas de barro, como a famosa moqueca capixaba.
Tradição e Ancestralidade:
As paneleiras de Goiabeiras, guardiãs de um saber ancestral, transmitem de geração em geração as técnicas de modelagem e queima das panelas. Esse conhecimento, portanto, é um patrimônio imaterial que preserva a identidade cultural do Espírito Santo.

Poesia em Barro:
“No barro, a alma se revela, Nas mãos, a tradição se eterniza, Do fogo, a vida se aquece, Na mesa, o sabor se eterniza.”
Reconhecimento e Valorização:
A importância das paneleiras de Goiabeiras é reconhecida por meio do tombamento do ofício como patrimônio cultural brasileiro e da Indicação Geográfica (IG) das panelas de barro. Essas iniciativas, além disso, garantem a proteção e a valorização dessa tradição milenar.
A História do Barro e da Panela de Barro em Goiabeiras:
A história do barro e da panela de barro em Goiabeiras se entrelaça com a própria história do Espírito Santo. Acredita-se que os povos originários que habitavam a região já utilizavam a argila para produzir utensílios domésticos e rituais. Com a chegada dos africanos, durante o período colonial, novas técnicas e saberes foram incorporados, enriquecendo a tradição local.
A produção das panelas de barro em Goiabeiras se consolidou ao longo dos séculos, tornando-se uma atividade econômica e cultural fundamental para a comunidade. As paneleiras, em sua maioria mulheres, dedicam-se à produção das panelas com maestria, utilizando técnicas ancestrais que são transmitidas de mãe para filha.
Assista abaixo um vídeo do Programa Artes na Cidade sobre a produção das panelas
O Processo de Produção: Arte Manual e Fogo Sagrado:
O processo de produção das panelas de barro em Goiabeiras é totalmente artesanal e minucioso, dispensando o uso de tornos ou roletes. A argila é extraída do Vale do Mulembá, um local rico em argila de alta qualidade. Após a extração, a argila é preparada, passando por processos de limpeza e mistura com outros materiais, como o pó de casca de mangue, que confere às panelas sua cor característica.
A modelagem das panelas é feita inteiramente à mão, com a habilidade e a sensibilidade das paneleiras moldando cada peça com perfeição. Após a modelagem, as panelas são deixadas para secar à sombra, em um processo que pode levar vários dias.

A queima das panelas é um ritual à parte, realizado em fogueiras a céu aberto, utilizando madeira de reciclagem. O controle da temperatura e do tempo de queima é feito com precisão, garantindo a qualidade e a durabilidade das panelas. Essa é a única etapa do processo que conta com a participação masculina, com os homens responsáveis por cuidar do fogo sagrado.
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Após a queima, as panelas são tingidas com o tanino extraído do pau de mangue, conferindo-lhes a cor característica e a proteção contra a umidade.
A Importância Cultural e Gastronômica:
As panelas de barro de Goiabeiras são mais do que simples utensílios de cozinha. Elas são um símbolo da cultura capixaba, representando a tradição, a ancestralidade e a identidade do povo do Espírito Santo.
Na gastronomia, as panelas de barro são essenciais para o preparo de pratos tradicionais como a moqueca capixaba, a torta capixaba e a carne de sol com aipim. O barro, por sua vez, confere aos pratos um sabor único e especial, realçando os aromas e os sabores dos ingredientes.

O Reconhecimento e a Valorização:
A importância das paneleiras de Goiabeiras e de seu ofício é reconhecida por diversas iniciativas. Em 2002, o ofício das paneleiras foi tombado como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Em 2012, as panelas de barro de Goiabeiras receberam a Indicação Geográfica (IG), um selo que garante a qualidade e a procedência do produto.
Essas iniciativas, além disso, contribuem para a preservação da tradição e para a valorização do trabalho das paneleiras.
O Futuro da Tradição:
Apesar dos desafios, a tradição das panelas de barro em Goiabeiras continua viva e pulsante. As paneleiras, com orgulho e dedicação, seguem produzindo suas panelas, transmitindo seus saberes para as novas gerações.
Acreditam que a tradição das panelas de barro de Goiabeiras tem um futuro promissor, desde que haja o apoio e o reconhecimento da sociedade e das autoridades.
A Poesia do Barro:
O barro, matéria-prima das panelas, é um elemento que inspira a poesia e a arte. Na literatura, o barro é utilizado como metáfora da vida, da transformação e da criação.
“Do barro, a vida se molda, Do fogo, a alma se aquece, Na mesa, a história se conta, No sabor, a tradição se eterniza.”
O Barro na Literatura Universal:
O barro, além de ser a matéria-prima das panelas de Goiabeiras, é um elemento presente na literatura universal, representando a criação, a transformação e a essência da vida.
Na Bíblia, por exemplo, Deus utiliza o barro para criar Adão, o primeiro homem. Na mitologia grega, Prometeu molda os seres humanos a partir do barro.
Na literatura brasileira, o barro é utilizado como metáfora da realidade social e cultural do país. Em obras como “Vidas Secas” de Graciliano Ramos e “O Quinze” de Rachel de Queiroz, o barro representa a dureza da vida no sertão e a luta pela sobrevivência.
O Barro na Arte:
O barro, além disso, é utilizado como matéria-prima para diversas formas de arte, como a cerâmica, a escultura e a pintura. A cerâmica, por exemplo, é uma das formas de arte mais antigas da humanidade, com registros de peças de cerâmica datadas de milhares de anos atrás.
Na escultura, o barro é utilizado para criar obras de arte de diversos estilos e tamanhos. Na pintura, o barro é utilizado como pigmento para criar cores terrosas e naturais.
O Barro e a Sustentabilidade:
A produção das panelas de barro em Goiabeiras é uma atividade sustentável, pois utiliza matérias-primas naturais e renováveis. A argila é extraída do Vale do Mulembá de forma consciente, respeitando o meio ambiente.
A queima das panelas é realizada em fogueiras a céu aberto, utilizando madeira de reciclagem. As paneleiras, além disso, utilizam técnicas de produção que minimizam o impacto ambiental.
O Turismo e a Valorização da Tradição:
O turismo é uma atividade que pode contribuir para a valorização da tradição das panelas de barro em Goiabeiras. Os turistas, ao visitarem Goiabeiras, têm a oportunidade de conhecer o processo de produção das panelas, interagir com as paneleiras e adquirir peças autênticas.
O turismo, além disso, pode gerar renda para a comunidade e contribuir para a preservação do patrimônio cultural local.

O Futuro da Tradição:
A tradição das panelas de barro em Goiabeiras tem um futuro promissor, desde que haja o apoio e o reconhecimento da sociedade e das autoridades. As paneleiras, com orgulho e dedicação, seguem produzindo suas panelas, transmitindo seus saberes para as novas gerações.
Acreditam que a tradição das panelas de barro de Goiabeiras é um patrimônio cultural que deve ser preservado e valorizado.
A Poesia do Barro e da Panela de Barro:
“No barro, a alma se molda, Nas mãos, a tradição se eterniza, Do fogo, a vida se aquece, Na mesa, o sabor se eterniza.”
“A panela de barro, Um símbolo da cultura, Um elo entre o passado e o presente, Um sabor que eterniza a tradição.”