O New York Times divulgou nesta segunda (09/08) que existem agências publicitárias pagando a influenciadores digitais para divulgar fake News contra a vacina anti-covid. Elas até mandam um roteiro de como agir nas mídias sociais. Ou seja, há clientes contratando agências para comprar espaço em veículos e espaço na internet para desinformar. Parece que não é algo novo, mas comprova q prática, que antes de achava restrita a grupos de interesse, tornou-se algo organizado institucionalmente, com grande poder geopolítico.
Uma dessas agências é a Fazze, que disse ter sede em Londres e tentou contratar influenciadores na Europa para que espalhassem mentiras sobre a vacina contra a Covid-19 da Pfizer-BioNTech. Lá, influenciadores denunciaram a empresa que tratou de esconder-se retirando suas páginas e contas em redes sociais do ar. No Brasil, acredite, o material da Fazze foi identificado em diversos influenciadores. Postagens de vagas de emprego e perfis de funcionários no LinkedIn associados à Fazze a descrevem como subsidiária de uma empresa com sede em Moscou chamada Adnow.
Essa agência e outras iguais me lembram roteiros de filmes de espionagem onde agentes são contratados para gerar desinformação e complicar a agenda política em países, especialmente do terceiro mundo. Parece que é exatamente isso o que está acontecendo. Se elas são contratadas por empresas ou governos ainda não se sabe, mas está claro que esse é um movimento que veio para ficar.
Quem tem algum interesse contrário vai procurar uma dessas “agências” para que contrate influenciadores digitais (e o que não falta é esse tipo de “profissional”) para difundir desinformação de forma coordenada e sistemática. Sempre se soube que informação é poder, agora se sabe que o mesmo vale para desinformação.
Com relação especificamente à vacina, qual a lógica em evitar-se algo que pode salvar a sua vida e provou-se eficaz sem quaisquer efeitos colaterais significativos após quase um ano sendo aplicada em todos os países do mundo? Se você não a vê é porque acredita que a humanidade se unirá em prol da própria sobrevivência. Já não compartilho do seu otimismo, infelizmente.
Depois de décadas de avanço civilizatório vemos o nazismo se fortalecer em vários países. Gente que defende o racismo, a discriminação em todas as suas formas e que pensa ser superior apenas por ter mais revela-se a todo momento. Até mesmo a religião, que deveria ser um bálsamo, tornou-se ambiente venenoso onde os piores se refugiam para difundir seu ódio contra os diferentes.
Assim o que vale para a vacina vale para tudo. É racista? Contrate uma agência e pague “para mostrar a inferioridade dos negros”. Você não precisará expor-se para tentar atingir seu objetivo. Nazista? Não precisa pintar uma suástica no braço. Uma agência vai distribuir sua visão de superioridade pelas redes sociais pagando a negros e judeus para fazê-lo. Acha que lugar de mulher é na cozinha e obedecendo ao macho? Sem problemas, temos um batalhão de influenciadoras prontas para mostrar que você está 100% certo.
Dividir para conquistar, não mostrar o jogo até ter as cartas vencedoras. Nada disso é novo, mas as redes sociais potencializaram o negócio. E basta ver como se ganha dinheiro na internet sendo apenas “famoso” para ver que o capital dominou a terra e alma dos internautas.
Está na no NYT.
Empresas privadas, que atuam ao mesmo tempo no marketing tradicional e no mundo sombrio das operações de influência geopolítica, estão vendendo serviços que antes eram realizados principalmente por agências de inteligência.
Elas semeiam a discórdia, intrometem-se nas eleições, espalham falsas narrativas e divulgam conspirações virais, principalmente nas redes sociais. E oferecem aos clientes algo precioso: a negação.
“A contratação de atores para desinformar, feita por agentes governamentais ou paragovernamentais, é cada vez mais numerosa e grave”, disse Graham Brookie, diretor do Laboratório de Pesquisa Forense Digital do Conselho Atlântico, chamando-a de “uma indústria em expansão”.
Campanhas semelhantes recentemente promoveram o partido governante da Índia, os objetivos da política externa egípcia e políticos na Bolívia e na Venezuela.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal investiga a produção e divulgação de Fake News com digitais dentro do Palácio do Planalto que envolveriam, inclusive, um dos filhos do presidente da República. Batizado de “gabinete do ódio” esse grupo teria como principal atuação desacreditar adversários. E já estaria em atividade desde antes da campanha presidencial de 2018. E é bom lembrar que o próprio chefe do executivo federal brasileiro jamais escondeu que adora divulgar informações sem respaldo na realidade.
A desinformação veio para ficar e quando grassa em países onde o índice de escolaridade e cultural é baixo, como no caso brasileiro, ela é uma ameaça séria à democracia e ao futuro desses países.