A posse do Presidente Donald Trump marcou um novo momento para os Estados Unidos e o mundo. O abandono de acordos internacionais como o de Paris e a saída da Organização Mundial de Saúde, assim como o aumento da taxação de produtos do Canadá e México e o endurecimento das relações com Cuba revelam a linha na Política Internacional: isolamento, endurecimento e nacionalismo. Os ataques diretos aos interesses do Panamá e Dinamarca, como a revelação dos interesse em tomar o Canal do Panamá e a Groenlândia mostram a face imperialista da nossa administração.
Na política interna, a anistia aos criminosos condenados que atacaram o Capitólio e ameaçaram a democracia americana carimba a intenção do novo presidente em apoiar supremacistas brancos e anarquistas em detrimento da população negra e dos movimentos pelas liberdades das diversas identidades de gênero e orientações sexuais. A proposta de produzir carros em larga escala para incrementar a indústria americana e gerar empregos é um discurso sob medida para afagar o ego dos saudosistas, mas com poucos efeitos práticos.
O ataque a imigrantes mostra quão hipócrita é a política de direita defendida pelo novo presidente: a esposa, Melania Trump, é uma imigrante nascida na Eslovenia; o principal apoiador Elon Munsk é sulafricano; a sogra do vice presidente J. D. Vance é nasceu na Índia.
Donald Trump quer fazer a “América grande novamente” defendendo um retorno a ideologias do século XIX.
Reações pelo mundo
Líderes de diversas nações e organizações reagiram às declarações do novo presidente americano, mas foram reações tímidas, diante da gravidade das intenções. Todos parecem aguardar ações mais concretas para falas mais contundentes em resposta. E essa é a jogada do “apresentador de O Aprendiz“ (programa que Trump tinha na TV com uma competição entre executivos iniciantes para ver quem seria contratado por uma das empresas dele), colocar uns contra os outros, expondo as próprias fraquezas, enquanto negocia o melhor para ele próprio.
Se os países mais ricos do mundo, fora Estados Unidos, decidissem acabar com a hegemonia da moeda americana, o dólar, nas transações internacionais, criando uma moeda diferente (bitcoin do comércio mundial, por exemplo) com o aval do Banco Mundial, isso poderia ser uma resposta eficiente e clara ao nacionalismo e imperialismo proposto por Trump. Logo ele perceberia que estamos no século XXI.
A avalanche de decretos no primeiro dia de governo é uma ação de marketing que tem como objetivo atrasar a análise individual dos impactos de cada um, dando tempo ao governo, enquanto exibe ao público interno uma falsa sensação de eficiência.
Brasil
Para o Brasil fica o alerta feito pelo próprio Trump: os Estados Unidos não precisam do Brasil, nós é que precisamos deles. É verdade que a balança comercial nos é favorável na relação com os Estados Unidos, porque vendemos muito de diversos produtos primários de grande interesse para os americanos e compramos menos, porque o que eles vendem tem muita concorrência no mundo com outros fornecedores, que não podemos negligenciar. Mas não são apenas os dólares americanos que aquecem a economia brasileira. Temos um grande mercado interno consumidor e se o empresário brasileiro parar de olhar pra cima, em direção a América do Norte, e olhar em volta em direção a Europa, Ásia e África poderemos em pouco tempo ter novos parceiros, menos volúveis e mais respeitosos.
A verdade é que o mundo mudou deste ontem, mas qual mundo teremos amanhã, não depende de Trump, e, sim, de nós mesmos.