Drogas sintéticas avançam e aumentam mortes, diz ONU

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Substâncias químicas perigosas impulsionam overdoses e desafiam regulações globais.

O uso de drogas sintéticas está em alta e remodelando o mercado global de entorpecentes, alerta o Conselho Internacional de Controle de Narcóticos (INCB). A facilidade de produção, aliada à falta de regulamentação eficaz, torna essas substâncias uma ameaça crescente à saúde pública e um desafio para autoridades em todo o mundo.

Drogas sintéticas: uma epidemia mortal em crescimento

O relatório anual de 2024 do INCB destaca que as drogas sintéticas estão causando um número alarmante de overdoses fatais e danos irreparáveis às comunidades. Essas substâncias, mais potentes e duradouras que as drogas tradicionais à base de plantas, estão ganhando espaço no mercado ilícito devido à facilidade de fabricação e flexibilidade nos métodos de tráfico.

A produção dessas substâncias não exige terras, mão de obra ou conhecimento técnico avançado, permitindo que os traficantes as fabriquem em qualquer lugar e alterem rapidamente suas fórmulas para driblar regulações e manter altos lucros.

Jallal Toufiq, presidente do Conselho Internacional de Controle de Narcóticos

De acordo com Jallal Toufiq, presidente do INCB, “medidas duras e coordenadas são necessárias para conter a proliferação dessas drogas, que estão causando milhares de mortes e danos incalculáveis às comunidades”.

Mercado em expansão na Europa e África

O relatório aponta que o mercado de drogas sintéticas na Europa deve crescer devido ao déficit no fornecimento de heroína, resultado da proibição do cultivo de ópio no Afeganistão, imposta pelo Talibã em 2022. Já na África e no Oriente Médio, o aumento na produção e consumo de anfetaminas é agravado pela falta de programas de tratamento e reabilitação.

Na África, o consumo de cocaína também está em alta, já que o continente é uma rota importante para a droga rumo à Europa. Enquanto isso, na União Europeia, as apreensões de cocaína atingiram níveis recordes pelo sexto ano consecutivo.

América e Ásia enfrentam desafios únicos

Na América do Norte, a crise dos opioides segue sendo uma prioridade de saúde pública. Já na América Central e Caribe, o tráfico de drogas é um dos principais obstáculos ao desenvolvimento econômico e social.

No Sudeste Asiático, o mercado de drogas sintéticas continua em expansão, enquanto na América do Sul o cultivo de cocaíno apresentou tendências divergentes: o Peru registrou a primeira redução em oito anos, mas a Colômbia alcançou níveis históricos em 2023.

Um desafio global

O INCB, órgão independente criado em 1968 para monitorar a implementação das convenções internacionais de controle de drogas da ONU, reforça a necessidade de uma estratégia global integrada para combater a fabricação, o tráfico e o consumo de drogas sintéticas.

Com traficantes utilizando drones e outras tecnologias para movimentar essas substâncias, além de remessas menores e mais difíceis de interceptar, o combate a esse mercado exige ações rápidas e eficazes.