
Proporção de brasileiros com ensino superior completo mais que dobrou em 20 anos, mas desigualdades ainda desafiam o progresso educacional.
Nas últimas duas décadas, o Brasil registrou avanços expressivos na educação, mas continua enfrentando desigualdades significativas. Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, mostram que a proporção de brasileiros com ensino superior completo cresceu de 6,8% em 2000 para 18,4% em 2022. Apesar do aumento, as disparidades raciais e regionais permanecem evidentes: enquanto 25,8% dos brancos possuem diploma universitário, apenas 11,7% dos pretos e 12,3% dos pardos alcançaram o mesmo patamar.
O levantamento revela que a população preta e parda com nível superior completo cresceu mais de cinco vezes no período analisado. A proporção de pretos com diploma universitário aumentou de 2,1% para 11,7%, enquanto, entre os pardos, o índice subiu de 2,4% para 12,3%. Apesar desses avanços, ambos os grupos ainda representam menos da metade do índice registrado entre os brancos, evidenciando a urgência de políticas públicas inclusivas.

Frequência Escolar: Avanços e Desafios
O acesso à educação infantil também apresentou melhorias expressivas. A frequência escolar bruta de crianças de 0 a 3 anos cresceu de 9,4% em 2000 para 33,9% em 2022. Para a faixa de 4 a 5 anos, o aumento foi ainda mais expressivo, de 51,4% para 86,7%. No entanto, esses índices ainda estão aquém das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que estipula 50% de cobertura para crianças de até 3 anos e universalização para as de 4 a 5 anos.
Já entre crianças de 6 a 14 anos, a frequência escolar alcançou 98,3%, próxima da universalização. Contudo, há desafios entre os jovens de 15 a 17 anos, com uma taxa de 85,3%. Na faixa etária de 18 a 24 anos, houve queda na frequência escolar, de 31,3% em 2000 para 27,7% em 2022, reflexo da redução no número de jovens cursando o ensino médio ou outros níveis anteriores.
Desigualdades Regionais e Raciais
As diferenças regionais permanecem marcantes. O Distrito Federal lidera o ranking nacional, com 37% da população adulta com ensino superior completo, enquanto o Maranhão está na última posição, com apenas 11,1%. Em termos raciais, a população amarela se destaca com a maior média de anos de estudo (12,2), seguida pelos brancos (10,5). Pretos e pardos, no entanto, apresentam uma média de apenas 8,7 e 8,8 anos de estudo, respectivamente, refletindo desigualdades estruturais.
Entre os municípios, São Caetano do Sul (SP) lidera com a maior média de anos de estudo (12,7) e a maior taxa de frequência escolar para crianças de 4 a 5 anos (97,8%). Em contrapartida, cidades como Breves (PA) registram apenas 6,5 anos de estudo médio entre adultos, destacando as disparidades regionais.
Áreas de Graduação: Desafios e Diversidade
Os dados do Censo também revelam as preferências e desafios por área de graduação no Brasil. Direito lidera com 2,4 milhões de graduados, seguido por Medicina, com 553 mil. A composição racial e de gênero, no entanto, reflete desigualdades: 75,5% dos médicos são brancos, enquanto cursos como Serviço Social apresentam maior diversidade racial, com 47,2% de brancos.
Além disso, disparidades de gênero são preocupantes. Mulheres são maioria em áreas como Serviço Social (93%) e Enfermagem (86,3%), mas representam apenas 7,4% entre os engenheiros mecânicos.
Avanços e Necessidades
O Censo Demográfico 2022 confirma avanços significativos na educação brasileira, mas também evidencia desafios persistentes. A redução das desigualdades raciais, regionais e de gênero deve ser prioridade para garantir acesso equitativo à educação de qualidade.