
Uma nova geração de tecnologias inspiradas na natureza está aproveitando a força dos oceanos para gerar eletricidade limpa e sustentável. Mas será que essa fonte de energia tem o potencial de revolucionar a matriz energética global?
De boias que imitam o coração humano a painéis subaquáticos, a inovação na energia oceânica está em ascensão. No entanto, desafios como a viabilidade econômica e a resistência a condições extremas ainda precisam ser superados para que essa promessa se torne realidade.
A busca por fontes de energia renovável e sustentável tem levado cientistas e engenheiros a explorar os confins do nosso planeta. Entre as alternativas promissoras, a energia dos oceanos se destaca como um recurso vasto e inexplorado. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a produção de energia dos oceanos precisa crescer 33% ao ano para zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050.
Uma das abordagens mais inovadoras é a da empresa sueca CorPower Ocean, que desenvolveu uma boia inspirada no bombeamento do coração humano. O CorPack, como é chamado, utiliza materiais duráveis e leves para converter o movimento das ondas em eletricidade limpa e estável. Instalado na costa norte de Portugal, o projeto demonstra o potencial da tecnologia para gerar energia de forma eficiente e confiável.

“A energia das ondas e das marés tem potencial para se tornar uma fonte de energia significativa, fiável e sustentável”, afirma José Miguel Rodrigues, investigador principal do SINTEF, um dos maiores institutos de pesquisa da Europa, à EuroNews.
Além da CorPower Ocean, outras empresas também estão investindo na energia oceânica. A italiana ENI, por exemplo, desenvolveu um Conversor Inercial de Energia das Ondas Marítimas, enquanto a chinesa Nanku criou um gerador flutuante alimentado pelas ondas. A finlandesa AW-Energy, por sua vez, aposta no WaveRoller, um sistema composto por grandes painéis subaquáticos.
Apesar dos avanços tecnológicos, a energia oceânica ainda enfrenta desafios significativos. Um dos principais obstáculos é a competitividade em relação a outras fontes de energia renovável, como a eólica e a solar. Além disso, as tecnologias precisam ser capazes de resistir a condições oceânicas extremas, como tempestades e ondas gigantes.
Para que a energia oceânica se torne uma realidade em larga escala, é fundamental que haja investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como políticas de apoio e incentivos governamentais. A aceitação social também é um fator importante, e é preciso garantir que os projetos sejam desenvolvidos de forma a minimizar os impactos ambientais e sociais.
Com o potencial de gerar eletricidade limpa e sustentável, a energia dos oceanos representa uma oportunidade única para diversificar a matriz energética global e combater as mudanças climáticas. Ao superar os desafios técnicos e econômicos, essa fonte de energia poderá se tornar uma peça fundamental na transição para um futuro mais verde e sustentável.