
São mais de 500 casos por dia. Verão é época propícia para proliferação do mosquito.
O estado do Espírito Santo registra aumento nos casos de dengue no início de 2025. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), nos primeiros 10 dias do ano, foram notificados 5.606 casos, dos quais 1.062 foram confirmados. Com uma média de 560 novos casos por dia, o cenário exige ações emergenciais.
Para conter o avanço da doença, equipes do Ministério da Saúde estão no estado oferecendo suporte técnico e operacional. Essas equipes permanecerão no Espírito Santo por tempo indeterminado, com foco em orientar a população e reforçar as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e chikungunya.
Em 2024, o Brasil registrou 6,6 milhões de casos confirmados e 6 mil óbitos relacionados à doença, segundo dados do Ministério da Saúde.
Casos de dengue e o verão
Durante o verão, os casos de dengue aumentam devido à alta incidência de chuvas e ao calor intenso, que favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti. O acúmulo de água e as altas temperaturas aceleram o ciclo de desenvolvimento do mosquito, resultando em maior número de mosquitos adultos.
Rivaldo Cunha, secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), explica: “Durante o verão, nós temos dois fenômenos que estão diretamente associados com a biologia do Aedes aegypti: as elevadas temperaturas e um maior volume de água. Esses dois fatores, juntos, contribuem para acelerar a proliferação do vetor da dengue, encurtando, inclusive, aquele período entre ovos e mosquito adulto”, observa. “Ao intensificar a atividade biológica do mosquito, nós temos um maior número de pessoas sendo infectadas, porque há um maior número de mosquitos nesse período”, ressalta.
Sintomas da dengue e quando procurar ajuda
A dengue é uma infecção viral transmitida pela picada do Aedes aegypti. Os sintomas mais comuns incluem:
- Febre alta de início abrupto;
- Dor de cabeça, especialmente atrás dos olhos;
- Dores musculares e articulares;
- Náuseas, vômitos e diarreia;
- Manchas vermelhas na pele (exantema);
- Conjuntivite (olhos vermelhos).
Em casos graves, os sinais de alerta incluem dor abdominal, vômitos persistentes, sangramentos, dificuldade respiratória e queda na pressão arterial. Esses sintomas requerem atendimento médico, pois podem evoluir para quadros fatais.
Ciclo de vida do aedes aegypti
O mosquito Aedes aegypti passa por quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. Durante o desenvolvimento, há uma metamorfose completa. As larvas vivem em água acumulada, enquanto os adultos têm hábitos terrestres e voadores. A transição de larva para adulto ocorre na fase de pupa, que é resistente a compostos externos como inseticidas.
O desenvolvimento completo, do ovo ao adulto, dura de 7 a 10 dias, dependendo das condições ambientais, como temperatura e umidade. Fatores como disponibilidade de alimento e deslocamento também influenciam a longevidade do mosquito adulto.
Prevenção: uma responsabilidade de todos
A eliminação dos criadouros do Aedes aegypti é a principal forma de prevenção. Medidas incluem:
- Remover recipientes que acumulam água, como pneus, garrafas e vasos de plantas;
- Manter caixas d’água e reservatórios devidamente tampados;
- Limpar calhas e lajes periodicamente;
- Utilizar repelentes e roupas de mangas compridas;
- Instalar telas em janelas e portas.
“Recomenda-se, para este período do verão, intensificar os cuidados e dedicar uns 10 minutinhos para cuidar do seu ambiente, do seu domicílio, ver se tem algum objeto que possa acumular água, cuidar dos terrenos baldios, dos quintais, conversar com os seus vizinhos e cobrar que o poder público também faça a sua parte, recolhendo rotineiramente o lixo produzido pelos domicílios”, recomenda o secretário adjunto Rivaldo Cunha.
Vacinação: um avanço no controle da dengue
Desde 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina contra a dengue para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em municípios selecionados. Apesar de ser uma ferramenta importante, a vacina não substitui as medidas preventivas tradicionais.
A situação no Espírito Santo é parte de um cenário nacional que levou o governo federal a investir R$ 1,5 bilhão para fortalecer as ações de combate à dengue em todo o país. Além do Espírito Santo, os estados de São Paulo, Acre e Paraná também receberão visitas técnicas com foco em educação em saúde e mobilização social para eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e chikungunya.