Famílias brasileiras reduzem dívidas e adotam consumo mais cauteloso, aponta pesquisa

Estudo da CNC mostra queda de 2 pontos percentuais no endividamento em janeiro, mas famílias de baixa renda ainda enfrentam dificuldades. Cartão de crédito segue como principal vilão das finanças pessoais.

As famílias brasileiras estão menos endividadas e mais conscientes em relação aos gastos, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em janeiro, 76,1% das famílias declararam ter dívidas, uma queda de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de 2 pontos percentuais comparado ao mesmo período de 2024.

A redução reflete uma mudança de comportamento. A professora Danieli Silveira, por exemplo, conseguiu sair do endividamento ao cortar gastos, evitar compras parceladas e priorizar pagamentos à vista. “Consumo saudável é a melhor saída”, afirma. Ela atribui sua situação anterior ao desemprego, que a levou a usar cheque especial e cartões de crédito de forma descontrolada.

No entanto, o cartão de crédito ainda é a principal fonte de dívidas, presente em 83,9% dos casos. Para famílias como a do técnico em logística Cesar (nome fictício), a situação é crítica. Após sua companheira afastar-se do trabalho por motivo de saúde, as dívidas no cartão se acumularam. Ele busca renegociar os juros com o Procon de São Paulo, mas admite: “Estou mais preocupado com a saúde mental da minha família”.

Leia também: 7 dicas para sair das dívidas

A pesquisa também revela que 29,1% das famílias têm dívidas em atraso, e 12,7% não conseguirão quitá-las. Apesar da leve melhora em relação a dezembro, o cenário ainda é preocupante, especialmente para as famílias mais vulneráveis. Aquelas com renda de até três salários mínimos viram o endividamento aumentar, chegando a 79,2%.

A CNC projeta que o endividamento voltará a crescer a partir de março, fechando o ano com 77,5% das famílias endividadas e 29,8% inadimplentes. Enquanto isso, a cautela no consumo parece ser a estratégia adotada por muitos para evitar novos desequilíbrios financeiros.