A despesa per capita das famílias e instituições sem fins lucrativos com bens e serviços de saúde foi de R$ 1.538,79 em 2015, 36% maior do que a despesa per capita do governo, que foi de R$1.131,94. As informações são da Conta Satélite de Saúde 2010-2015, divulgada nesta quarta (20) pelo IBGE.
Em 2015, as despesas com saúde corresponderam a 9,1% do PIB do país, sendo que 5,1% vieram das famílias, 3,9% do governo e 0,1% das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias.
O principal gasto das famílias foi com serviços de saúde privados, que inclui os planos. Esse gasto, de R$204,4 bilhões, chegou a 3,4% do PIB em 2015. Já o gasto com medicamentos foi de R$ 92,5 bilhões, cerca de 1,5% do PIB.
Para o governo, em 2015, o principal gasto foi com saúde pública: R$ 184,2 bilhões ou 3,1% do PIB. Com serviços de saúde privados, o governo gastou 0,6% do PIB (R$ R$36,2 bilhões) e com medicamentos para distribuição gratuita, 0,2% (R$ 10,9 bilhões).
“Considerando apenas os serviços de saúde, ou seja, atendimentos, internações, exames, o gasto do governo e das famílias é bem próximo, um pouco maior para o governo. Mas o governo atende a uma quantidade muito maior de usuários”, explica Ricardo Moraes, gerente de bens e serviços da coordenação de contas nacionais do IBGE.
Quando, além, do consumo final, são consideradas transferências como as feitas para o programa “Aqui tem Farmácia Popular”, 45,1% do financiamento da saúde vem do governo e 53,6%, das famílias.
No total, o consumo final de bens e serviços de saúde foi de R$546 bilhões, o que equivale a 9,1% do PIB. Esse percentual, em 2014, foi de 8,7% e, em 2013, de 8,2%. Segundo Moraes, em 2014, a proporção cresceu porque, de fato, o consumo desses produtos aumentou. Já em 2015, o aumento veio não tanto pelo consumo, que cresceu comparativamente menos, mas porque o PIB caiu.
“É esperado que o consumo de serviços de saúde não fique estável, mesmo com a crise, porque a população cresce e, só por isso, já tem um aumento da demanda. Além disso, o envelhecimento populacional também faz crescer o consumo: a população não tem como deixar de usar bens e serviços de saúde”, explicou Moraes.
O consumo de bens e serviços de saúde vem crescendo desde 2010, quando se iniciou a série da pesquisa. Em 2015, esse crescimento em volume – descontando as variações de preços – foi de 0,5% para o consumo do governo e de 1,6% para o das famílias. Já o consumo de bens e serviços não-saúde pelo governo, em 2015, caiu 2,0% enquanto o consumo desses bens e serviços pelas famílias, caiu 3,6%.
“A população cresce, em média, 0,8% ao ano. Então, esse crescimento de 0,5% do governo é, na verdade, uma queda per capita. Mas se você olhar para o resto do consumo do governo, que é basicamente educação e administração pública, a queda foi de 2,0%”, ponderou Moraes.