
Evento contará com 14 romarias, 52 missas e show do padre Reginaldo Manzotti; programação vai até o dia 28.
A tradicional Festa da Penha 2025, considerada a maior manifestação religiosa do Espírito Santo, será realizada entre os dias 20 e 28 de abril, em Vila Velha. A expectativa é de que milhares de fiéis participem das 14 romarias previstas, que, somadas, percorrem mais de 600 quilômetros em homenagem à padroeira do estado.
O evento chega à sua 455ª edição com o tema “Com Maria, peregrinos da esperança” e acontece em meio ao Jubileu da Igreja Católica. A programação inclui 52 missas, além de apresentações culturais e religiosas no Parque da Prainha, ponto central da celebração.
Romarias movimentam fiéis de todo o estado
As romarias saem de diferentes cidades do Espírito Santo e envolvem trajetos a pé, de cavalo, bicicleta, moto e até barco. Entre os destaques está a Romaria dos Homens, marcada para o sábado (26), com cerca de 14 km de caminhada entre a Catedral de Vitória e a Prainha — considerada a mais tradicional da festa.
Outro destaque é a Romaria dos Cavaleiros, que abre o evento no dia 20, com um percurso de até 85 km. As dioceses de São Mateus, Colatina e Cachoeiro de Itapemirim também organizam romarias de longa distância, vindas do interior do estado.
A Moto Romaria, com saída de Viana no dia 27, e a Remaria, com trajeto pela orla de Vila Velha, são atrações especiais que chamam atenção pelo visual e pela diversidade de participantes.
Programação das romarias
📍 Confira os principais horários:
- 20/04 – Romaria dos Cavaleiros: 18h, saída da Av. Carlos Lindemberg
- 25/04 – Romaria dos Militares: 14h, saída da Eames
- 26/04 – Romaria das Pessoas com Deficiência: 8h, saída do Santuário de Vila Velha
- 26/04 – Romaria dos Adolescentes: 9h, concentração no Parque da Prainha
- 26/04 – Romaria dos Homens: 18h, missa de envio na Catedral de Vitória
- 27/04 – Remaria: 8h, saída da Praia do Ribeiro
- 27/04 – Romaria das Mulheres: 15h30, saída do Santuário
- 27/04 – Moto Romaria: 9h, saída de Viana
- 28/04 – Romarias dos Ciclistas: 7h (Vitória) e 8h (Vila Velha)
Missas específicas também estão previstas para as dioceses e grupos temáticos. A agenda completa pode ser acessada no site oficial: festadapenhaoficial.com.br
Show e celebrações no Parque da Prainha
Além das romarias, o Parque da Prainha será palco de atividades litúrgicas, culturais e musicais. Entre os destaques, o padre Reginaldo Manzotti se apresenta durante a programação, reforçando o caráter evangelizador da festa.
Fé, turismo e tradição

Mais do que um evento religioso, a Festa da Penha movimenta o turismo e a economia local. Hotéis da região já registram alta na procura, e comerciantes se preparam para receber o público com produtos típicos, artigos religiosos e alimentação.
A celebração também representa um momento de reencontro com a espiritualidade e com a comunidade, especialmente em um ano simbólico para a Igreja Católica.
“É mais do que uma caminhada de fé; é um encontro de corações que batem no mesmo compasso da devoção a Nossa Senhora da Penha”, afirma o padre Renato Criste, da Arquidiocese de Vitória.
Um pouco de história
A Festa da Penha, realizada em Vila Velha, no Espírito Santo, é uma das mais antigas e importantes celebrações religiosas do Brasil. Sua história remonta ao século XVI, ligada à chegada do Frei Pedro Palácios ao estado.
Veja os principais pontos da história:
- A Chegada de Frei Pedro Palácios: Em 1558, o frei franciscano espanhol Pedro Palácios chegou à Capitania do Espírito Santo trazendo consigo um painel de Nossa Senhora das Alegrias. Ele se instalou em Vila Velha, na época a principal vila da capitania.
- O Painel Desaparecido: Frei Palácios construiu uma pequena ermida (capela) no local conhecido como Campinho. Certo dia, o painel de Nossa Senhora das Alegrias desapareceu da ermida. Após buscas, foi encontrado no alto do morro que hoje abriga o Convento, entre duas palmeiras. O fato se repetiu mais duas vezes. Frei Palácios interpretou isso como um sinal divino de que a Virgem Maria desejava ser cultuada naquele local elevado.
- A Construção no Alto do Morro: Atendendo ao sinal divino, Frei Palácios iniciou a construção de uma pequena capela no cume do morro por volta de 1562, dedicada a São Francisco de Assis. Mais tarde, por volta de 1568, uma segunda capela, dedicada a Nossa Senhora da Penha, foi erguida um pouco mais abaixo, no local onde hoje está o Convento. O nome “Penha” deriva do espanhol “peña”, que significa rochedo, penhasco, referindo-se à localização da capela na pedra.
- O Início da Devoção e da Festa: Com a construção da capela e a presença do frei, a devoção a Nossa Senhora da Penha começou a crescer. Peregrinos e fiéis passaram a subir o morro para orar e pedir graças. Frei Pedro Palácios faleceu em 1570, e acredita-se que as primeiras celebrações em homenagem à santa, que dariam origem à Festa da Penha, começaram logo após sua morte, por volta de 1570. Isso a torna a terceira festa mariana mais antiga do Brasil.
- Desenvolvimento e Tradições: Ao longo dos séculos, a devoção se consolidou. O pequeno santuário deu lugar ao imponente Convento da Penha, um dos cartões postais do Espírito Santo. A festa cresceu, incorporando diversas tradições, como as famosas romarias (peregrinações). As mais conhecidas são a Romaria dos Homens e a Romaria das Mulheres, que reúnem centenas de milhares de fiéis, mas existem também a Romaria dos Ciclistas, a Romaria dos Militares, entre outras.
- Significado Atual: A Festa da Penha é hoje o maior evento religioso do Espírito Santo e um dos maiores do Brasil. Acontece anualmente durante a Oitava da Páscoa (os oito dias seguintes ao Domingo de Páscoa). Além das missas, novenas e romarias, a festa inclui shows, eventos culturais e feiras, atraindo não só devotos, mas também turistas. Nossa Senhora da Penha foi oficialmente declarada Padroeira do Estado do Espírito Santo. A festa é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do povo capixaba.
Em resumo, a Festa da Penha nasceu da fé e da perseverança de Frei Pedro Palácios, foi guiada por um evento considerado milagroso (o desaparecimento do painel) e se consolidou ao longo de mais de 450 anos como a principal expressão da fé católica e da cultura do Espírito Santo.