O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursou no primeiro dia de reuniões do Fórum Econômico Mundial nesta segunda-feira. O evento é sedeado em Davos, na Suíça.
Falando de Nova Iorque, ele afirmou que mundo passa por um período de dificuldade e fez referência aos resultados do relatório econômico das Nações Unidas, divulgado na última semana.
Guterres destacou que o mundo se recupera lentamente da crise econômica e que a retomada continua frágil e desigual.
Em meio à pandemia persistente, ele apontou os desafios do mercado de trabalho, interrupções contínuas na cadeia de suprimentos, aumento da inflação e dívidas crescentes.
Para o chefe da ONU, as discussões do evento devem dar destaque a três principais aspectos: equidade de vacinas, reformas no sistema financeiro global e ação climática nos países em desenvolvimento.
Ele apontou que, sem trabalhar por esses objetivos, a Agenda 2030 fica com avanços comprometidos e ressaltou que o mundo não deve permitir mais instabilidades.
Vacinas
O líder das Nações Unidas voltou a afirmar que a lacuna vacinal entre países desenvolvidos e menos desenvolvidos é “vergonhosa”, destacando que o objetivo de vacinar até 70% da população em todos os países segue longe de acontecer.
Para Guterres, todos os países e fabricantes devem priorizar o fornecimento de vacinas ao mecanismo Covax e apoiar a produção local de testes, vacinas e tratamentos.
Ele também ressaltou que é necessário estarmos preparados para novas pandemias, garantindo investimentos em monitoramento, detecção precoce e planos de resposta rápida.
Reformas
Ao destacar a necessidade de reformar o sistema financeiro global, Guterres afirmou que a retomada econômica já está acontecendo de forma desigual.
O líder das Nações Unidas lembrou que mais de oito em cada dez dólares para recuperação estão sendo gastos em países desenvolvidos, deixando as nações de baixa renda em grande desvantagem.
Guterres também reforçou que o crescimento é sufocado pela inflação recorde, espaço fiscal cada vez menor, altas taxas de juros e preços crescentes de energia e alimentos.
Assim, ele explicou que as nações menos desenvolvidas têm dificuldades para investir em saúde, educação, trabalho decente e proteção social, que além de serem direitos humanos, representam coletivamente o “motor econômico de um país”.
Ação climática
A última parte do discurso foi dedicada a pauta climática. O chefe da ONU pediu ações concretas, especialmente nos países em desenvolvimento.
Ele destacou que mesmo diante dos compromissos feitos na COP26, as emissões de gases de efeito estufa seguem aumentando, assim como a geração de energia a carvão, que está se aproximando de um novo recorde histórico.
Guterres alertou que o aumento da temperatura acima de 1,5 graus Celsius terá consequências devastadoras. Segundo ele, nas últimas duas décadas, o custo econômico dos desastres relacionados ao clima disparou em 82%.
O líder das Nações Unidas também lembrou que o clima extremo em 2021 causou US$ 120 bilhões em perdas e matou 10 mil pessoas.
Ele celebrou o compromisso na última semana do Glasgow Financial Alliance para zerar emissões. Para o secretário-geral, o grupo, que levantou US$ 130 trilhões para o objetivo, é um exemplo a ser seguido.
Guterres finalizou sua participação fazendo um apelo pela união e apoio aos países que precisam de ajuda, para que o 2022 seja um verdadeiro momento de recuperação.