O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) defendeu na terça (5) que os jovens tenham mais acesso a políticas de saúde sexual e reprodutiva. Agência da ONU lembrou que a América Latina tem a segunda taxa mais alta do mundo de gravidez na adolescência — 18% de todos os partos na região são de mulheres com menos de 20 anos de idade.
No Brasil, um a cada cinco bebês nasce de uma mãe adolescente. Das jovens que engravidam na adolescência, três em cada cinco não trabalham de forma remunerada nem estudam. Sete em cada dez são negras, e a maioria mora no Nordeste do país.
Quando considerado o cenário global, as complicações associadas à gravidez e ao parto são a segunda principal causa de mortalidade entre as adolescentes de 15 a 19 anos.
“Por isso, é muito importante dar visibilidade e dar prioridade para adolescentes nas políticas públicas de saúde e também em ações voltadas para a saúde sexual e reprodutiva”, alertou durante a abertura do evento a oficial de Programa do UNFPA, Anna Cunha.
“O quadro requer muita atenção dos diferentes atores da sociedade e tem que ser posto na mesa, como acontece nesse Seminário. Para uma mulher, uma gravidez não planejada interfere em vários aspectos da vida e, quando falamos em adolescentes, os obstáculos se multiplicam”, acrescentou a especialista.
Segundo o UNFPA, em países em desenvolvimento, a falta de planejamento reprodutivo é responsável anualmente por cerca de 89 milhões de gestações não desejadas e 48 milhões de abortos.
A representante do UNFPA também chamou atenção para abusos enfrentados pela juventude. Em muitos países, adolescentes meninas que chegam à puberdade são consideradas aptas para o matrimônio e para a maternidade, o que representa uma violação de seus direitos humanos. O casamento infantil leva frequentemente a situações de violência de gênero e ao abandono dos estudos.
“Vivemos um momento em que é necessário investir em adolescentes para que possam desenvolver seu pleno potencial e protagonismo. Adolescentes e jovens com melhor saúde, educação e com plena capacidade para exercer seus direitos e cidadania tornam-se também mais autônomos e contribuem para transformar não apenas as suas próprias realidades, mas também a de suas comunidades e países”, completou a oficial da agência da ONU.