Groenlândia decide futuro em eleição histórica sob pressão de interesse dos EUA e debate sobre independência

Os moradores da Groenlândia vão às urnas nesta terça-feira em uma eleição que pode ser decisiva para o futuro do território ártico. Com o interesse do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em adquirir a ilha e o crescente debate sobre a independência da Dinamarca, a votação ganhou destaque global. Cinco dos seis partidos em disputa defendem a independência, divergindo apenas no ritmo do processo. A localização estratégica e os recursos minerais da Groenlândia atraíram a atenção de Washington, enquanto líderes locais pressionam por autonomia e respeito após séculos de domínio dinamarquês.


A Groenlândia, território autônomo dinamarquês há quase 300 anos, governa seus assuntos internos, mas depende de Copenhague para política externa e defesa. Agora, a eleição coloca em pauta o futuro desses laços. “Nunca houve tantos holofotes sobre a Groenlândia antes”, afirma Nauja Bianco, especialista em políticas do Ártico.

O interesse de Trump em comprar a ilha, anunciado em 2019 e reiterado recentemente, colocou a Groenlândia no centro das atenções. Em discurso ao Congresso dos EUA, ele afirmou: “Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional. De uma forma ou de outra, vamos conseguir.” A declaração gerou reações fortes em Nuuk, capital groenlandesa.

Votação nesta terça-feira pode definir rumo da autonomia do território ártico, enquanto pressão de Trump e laços com a Dinamarca dominam o cenário político.

O primeiro-ministro Mute Egede, do partido Inuit Ataqatigiit (IA), em entrevista à BBC, criticou a postura de Trump: “Merecemos ser tratados com respeito.” Egede defende uma transição gradual para a independência, enquanto o partido de oposição Naleraq pressiona por uma separação imediata da Dinamarca e maior aproximação com os EUA.

A economia da Groenlândia, dependente da pesca e de subsídios dinamarqueses, é um dos principais desafios para a autonomia. “A economia terá que ser muito mais forte”, alerta Justus Hansen, candidato do partido Demokraatit, que defende cautela no processo.

Enquanto isso, revelações sobre maus-tratos históricos aos Inuit pela Dinamarca alimentam o desejo de independência. “Devemos nos libertar das amarras do colonialismo”, declarou Egede no início do ano.

A eleição não só definirá os próximos passos da Groenlândia, mas também testará a resistência do território diante das pressões externas e internas. Com a independência como tema central, o resultado pode mudar o mapa político do Ártico.