Indústria Brasileira dispara: faturamento cresce 5,6% e gera maior alta em 14 Anos

Setor foi impulsionado por aquecimento do consumo e crédito, mas desaceleração no fim do ano sinaliza cautela para o futuro.

O faturamento real da indústria de transformação brasileira cresceu 5,6% em 2024, registrando a maior alta anual desde 2010, conforme os Indicadores Industriais divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (7). Apesar da queda de 1,3% observada entre novembro e dezembro, o setor demonstrou resiliência ao longo do ano, impulsionado pelo aumento do consumo, baixo desemprego e expansão fiscal.

Segundo Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, o resultado reflete um cenário positivo para a indústria em 2024. “A demanda por bens industriais foi robusta, sustentada por um mercado de trabalho aquecido, maior concessão de crédito e estímulos governamentais. Esses fatores mantiveram o consumo e os investimentos em alta, impactando diretamente o faturamento”, explica.

Indicadores Mostram Expansão, Mas com Sinais de Desaceleração

Além do faturamento, outros indicadores também destacaram o bom desempenho do setor no ano passado. O número de horas trabalhadas na produção aumentou 4,2% em relação a 2023, enquanto a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) fechou o ano em 78,2%, mesmo após uma queda de 0,8 ponto percentual em dezembro. Na média anual, a UCI cresceu 0,6 ponto percentual em comparação com 2023.

No mercado de trabalho, o saldo foi positivo. O número de postos de trabalho ativos no setor industrial subiu 2,2% em 2024, com a massa salarial crescendo 3% e o rendimento médio dos trabalhadores aumentando 0,8%. No entanto, dezembro trouxe sinais de arrefecimento: a massa salarial e o rendimento médio recuaram 0,5% no último mês do ano, enquanto o nível de emprego ficou estável.

Fatores que Impulsionaram o Setor

O desempenho expressivo da indústria em 2024 pode ser atribuído a uma combinação de fatores econômicos. Além do baixo índice de desemprego, que ampliou o poder de compra das famílias, o governo federal adotou medidas de estímulo à economia, como aumento nos gastos públicos e facilitação no acesso ao crédito. Essas políticas ajudaram a manter o consumo e os investimentos aquecidos, beneficiando diretamente o setor industrial.

Por outro lado, a desaceleração observada em dezembro levanta preocupações sobre a sustentabilidade do crescimento. Especialistas alertam que o ritmo de expansão pode esfriar caso os estímulos fiscais sejam reduzidos ou se houver aumento da inflação e juros ao longo de 2025.

Pesquisa Reflete Tendências Nacionais

Realizada desde 1992 em parceria com as federações estaduais da indústria, a pesquisa Indicadores Industriais monitora mensalmente a evolução da atividade industrial, com foco na indústria de transformação. Os estados analisados representam mais de 90% do produto industrial brasileiro, tornando os dados uma referência confiável para avaliar o comportamento do setor.

O Futuro Depende de Políticas Contínuas

Embora o desempenho de 2024 seja motivo de otimismo, especialistas ressaltam a importância de manter políticas que incentivem o consumo e os investimentos. Para 2025, o desafio será equilibrar o crescimento econômico com a contenção de gastos públicos e o controle da inflação.