Necessidades médicas e humanitárias são imensas; autoridades israelenses precisam garantir entrada de suprimentos essenciais em larga escala.
O acordo de cessar-fogo temporário em Gaza é um alívio, mas chega com um atraso de mais de 465 dias e 46 mil vidas perdidas. Embora a trégua provisória dos ataques e bombardeios precise ser respeitada e de longo prazo, isso é apenas o começo para atender às imensas necessidades humanitárias, psicológicas e médicas em Gaza. Israel deve encerrar imediatamente seu bloqueio a Gaza e garantir um aumento massivo da ajuda humanitária em toda a Faixa de Gaza, para que as centenas de milhares de pessoas em condições desesperadoras possam dar início ao longo caminho de recuperação.
O impacto desta guerra hedionda inclui a destruição de casas, hospitais e infraestrutura; o deslocamento de milhões de pessoas que agora precisam urgentemente de água, alimentos e abrigo em meio ao frio do inverno. A destruição imensa causou dor e sofrimento a milhões de pessoas na Faixa de Gaza, enquanto muitas famílias em Israel continuam a esperar desesperadamente pelo retorno de seus entes queridos feitos reféns em 7 de outubro de 2023.
Há mais de 15 meses, as enfermarias dos hospitais estão cheias de pacientes com membros amputados e outras lesões duradouras causadas pelos ataques, além de pessoas angustiadas à procura dos corpos de seus familiares. Instalações de saúde e equipes médicas foram atacadas, e oito profissionais de Médicos Sem Fronteiras (MSF) foram mortos durante esta guerra. Enquanto isso, o número de pessoas detidas arbitrariamente em Gaza e na Cisjordânia é assustador.
MSF continua empenhada em trabalhar 24 horas por dia para fornecer cuidados às pessoas em Gaza. As necessidades humanitárias atingiram níveis catastróficos; atender até mesmo a uma fração delas só será possível por meio de um aumento rápido e massivo da ajuda humanitária global para a Faixa de Gaza.
Pedimos às autoridades israelenses que garantam urgentemente a entrada de ajuda humanitária em Gaza, evacuações médicas e, principalmente, o acesso ao norte do território, que está sob cerco desde outubro de 2024. Também pedimos a Israel, ao Hamas e a outros grupos e organizações que controlam Gaza que respeitem o acordo, bem como a entrega segura de assistência humanitária à população.
O governo israelense, o Hamas e os líderes mundiais falharam tragicamente com a população de Gaza por não terem chegado a um acordo para impor um cessar-fogo contínuo mais cedo. O alívio que este cessar-fogo traz está longe de ser suficiente para que as pessoas reconstruam suas vidas, recuperem sua dignidade e lamentem pelos mortos e por tudo o que foi perdido.
de Médicos sem Fronteiras