
Cerca de US$ 42 bilhões são atualmente aplicados na ajuda ao desenvolvimento, o que significa que é preciso US$ 222 bilhões em investimentos para promover avanços transformadores na próxima década. O valor que falta poderia ser do investimento estrangeiro, de verbas públicas nacionais ou do setor privado.
As conclusões constam de um estudo conjunto de pesquisadores do Fundo da ONU para a População, Unfpa, e da Universidade Johns Hopkins, em colaboração com a Universidade Victoria, a Universidade de Washington e a Avenir Health.
O documento foi lançado no encontro de cúpula que marca os 25 anos após a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, Icpd25, em Nairóbi no Quênia.
Na abertura da reunião, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, disse que não se pode alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres sem que estas tenham o poder de tomar suas próprias decisões sobre a maternidade.
Para a representante é momento de se tomar medidas urgentes de governos, sociedade civil, setor privado e Nações Unidas para cumprir de forma plena essa promessa negada a milhões.
Meninas
O estudo destaca que os dados recolhidos condicionam o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs. As vantagens incluem poupar custos por várias gerações, uma vez que mulheres e meninas saudáveis podem contribuir com sua produtividade e criatividade para sociedade.
A diretora executiva do Unfpa, Natalia Kanem, comentou o estudo afirmando que todos sabem quanto e onde é preciso investir. Ela considera que estes investimentos transformarão a vida de mulheres e meninas, as sociedades e o mundo.
Após analisar 120 países, o estudo estima que para conter mortes evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto sejam necessários US$ 115,5 bilhões. Mais de 95% de mães morrem nessas situações. O valor seria para custos com profissionais de saúde, remédios e suprimentos obstétricos.
Em relação à violência baseada no gênero será necessário investir US$ 42 bilhões em 132 países prioritários em vários programas. O investimento inclui assistência psicossocial, tratamento médico e kits para sobreviventes de estupro, além de promover o combate à violência e ao abuso de mulheres e meninas.
A vice-secretária geral da ONU, Amina Mohammed encontra estudantes em Nairóbi, no Quênia.
Educação
Para combater a mutilação genital feminina será preciso aplicar US$ 2,4 bilhões em atividades de educação e mudança de normas sociais em 31 países prioritários. Já o combate ao casamento infantil deve envolver US$ 35 bilhões, para evitar 90% de casos.
Os participantes do encontro defendem um esforço conjunto para atingir essas metas. A pesquisadora da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, Vitória Chou disse que “sem que todos juntem os remos, o barco não vai se mover muito e, se não estivermos sincronizados, simplesmente giraremos em círculos”.
O Unfpa organiza o encontro de cúpula sobre população e desenvolvimento em parceria com os governos do Quênia e da Dinamarca.
Fonte: ONU News