por Roberto Andrade
Israel bombardeia sem parar o Gueto de Gaza. Além de vingança há um projeto imobiliário a concretizar sobre os corpos palestinos.
Não é possível que as imagens dos milhares de crianças, mulheres e idosos mortos no Gueto de Gaza não comovam o mundo.
Ninguém em sã consciência diria que Israel não tem o direito de se defender do ataque do Hamas. Mas daí a tentar dizimar todo um povo tem uma gigantesca diferença.
O Hamas atacou sem mediar as consequências para os Palestinos ou imaginou que nenhum ser humano no mundo faria o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu está fazendo. Nenhum ser humano faria! Mas esses senhores da guerra não são humanos. Fazem parte da humanidade, mas não seguem as regras éticas que a Humanidade segue.
Se antes havia um desejo de vingança e sangue, agora há algo ainda mais sombrio: um projeto imobiliário em parceria com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump – o “Resort de Gaza”. Para que esse projeto avance, a terra precisa estar arrasada, livre de construções antigas e, principalmente, de pessoas. Daí o bombardeio incessante de hospitais, residências, campos de refugiados. A demolição pelas bombas!
O que vemos é uma combinação perversa de vingança extrema e ganância, que faz Netanyahu e Trump esfregarem as mãos de satisfação. Ambos parecem ter perdido qualquer noção de ética, moral ou compaixão. É isso mesmo: não têm ética, moral ou o mínimo senso de humanidade. São monstros e andam de braços dados com os seus iguais do Hamas.
Mas eu fico aqui pensando, porque fazer uma criança palestina sofrer. Porque matar uma criança apenas por ter nascido do outro lado da cerca?
Volto a pergunta: o mundo vai ficar observando sem fazer nada e depois irá se hospedar no resort de sangue? Essa é humanidade que nos tornamos? Hipócritas e covardes se beneficiando da desgraça que nós mesmos provocamos?
O que vemos hoje são protestos e nada mais. Israel não deixa chegar ajuda humanitária, desliga a água e a energia e transforma o Gueto de Gaza em vergonha mundial. E nós apenas observamos. Mas há um asco brotando lá no fundo, algo que nos enoja e provoca uma dor surda que nos enche os olhos de lágrimas. Olhamos em volta e vemos sorrisos e o asco só aumenta.
Israel, ao agir com tamanha brutalidade, alimenta o discurso antissemita que tanto busca combater. Um governo capaz de matar com tanta frieza não deve se surpreender ao despertar horror e repúdio global contra o seu povo. O sentimento pode não estar totalmente visível ainda, mas acreditem: o horror não para de crescer.
A pergunta que fica é: até quando o mundo vai fechar os olhos para essa tragédia? Até quando vamos permitir que a ganância e a violência prevaleçam sobre a compaixão e a justiça?
