A esta altura da vida temo que a ruptura seja inevitável. Não consigo perceber uma atitude moderadora nas pessoas (apesar de todas saberem que esta é a única alternativa racional).
O que vejo no Brasil e no mundo é gente em busca do confronto. Não se vê mais aquela idéia de, antes de criticar, colocar-se no lugar do outro. Falta Respeito, a atitude mais conciliadora que existe.
No campo pessoal, lê-se algo na mídia e a atitude seguinte é o revide, não o diálogo, mas a agressão para marcar a posição contrária. Tipo: “todos que não pensam como “eu” são idiotas”.
No campo político, a situação não é diferente só que com consequências imprevisíveis.
Para além, dos presidentes brasileiro e americano, que agem como déspotas, sem qualquer pudor, lideranças de diversos pontos do planeta Terra parecem seguir um comando único rumo a busca de um expurgo dos contrários.
Não vou me ater aos termos direita e esquerda, porque há atitudes que buscam o conflito em ambos os campos, mas aos termos gente do bem e gente do mal: simples assim. Mal e Bem são conceitos que estão em nosso subconsciente coletivo. Assim como o certo e o errado. Todos sabemos o que eles são. Podemos fazer o mal, mas sabemos que o fizemos. Podemos nos enganar e buscar desculpa, mas o mal é o mal.
Independente da opção política, das pessoas que admiramos ou não, é preciso botar a mão na consciência e verificar se estamos alimentando o sentimento correto e ajudando a disseminá-lo pelo mundo.
Desse modo, como justificar a defesa de um medicamento que não ajuda no tratamento de uma doença e pode levar à morte. Isso não é atitude de direita é o mal. Do mesmo modo, saber-se contaminado, sair de casa e ir conversar com pessoas na rua sem máscara. Não é posição política, é maldade.
O Nazismo causou a morte de milhões de pessoas, em campos de combate e de concentração. É o mal! Como defender essa causa e buscar retomar esse caminho político de discriminação e ódio.
A escravidão tratou como objeto e propriedade milhões de seres humanos. Arrancou-lhes a alma, a humanidade, sonhos e esperanças, “coisificando-os” para anulá-los. Tudo feito por gente “civilizada”. A escravidão é o mal em si. Como pode então, existirem humanos que ainda insistem em ver outros humanos de cor diferente da dele como inferiores, passiveis de maus tratos e humilhações?
Mulheres são espancadas e assassinadas todos os dias. Pessoas são agredidas e mortas por suas opções sexuais. Como não ver o mal em quem ataca os outros pelo gênero?
Todos os temas acima estão em “pauta” na mídia convencional e são “discutidas” todos os dias nas mídias sociais. Infelizmente, cada vez mais, estão se tornando “temas” comuns do nosso século. Ou seja, tornamos o mal em algo aceitável, discutível, analisável. Há alguns anos, isso seria impensável. Não se torna escravidão, nazismo, genocídio, homofobia em algo tolerável.
Discursos de ódio estão por todos os cantos da internet. Cada um mais nojento que o outro. E todos têm em comum a defesa do “direito” de emitir opinião. E creio que este seja o problema: estamos valorizando mais a opinião que o fato.
Minha mãe dizia que “opinião é igual bunda, todo mundo tem uma” e meu amigo Nilton Bandeira adora a frase “contra fatos não há argumentos”. Mamãe e Niltão estão cobertos de razão e se não encontrarmos a nossa rapidamente, temo que a ruptura seja inevitável.