O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, está apoiando uma iniciativa para coordenar, de forma técnica, a plantação de 1 trilhão de árvores no mundo.
No Brasil, governos locais e organizações parceiras estão cooperando para restaurar a biodiversidades da Mata Atlântica com árvores originais.
A TerraMatch reúne uma série de recomendações baseadas na qualidade do solo e nos tipos de árvores para facilitar a tarefa por parte de governos, inciativas privadas e cidadãos que participam do combate às mudanças climáticas.
A plataforma global utiliza um algoritmo para combinar as ofertas com os projetos gerenciados por líderes experientes, capazes de fazer com que as árvores certas cheguem aos terrenos apropriados para o cultivo.
O site oferece as dicas em quatro idiomas: português, inglês, espanhol e francês.
A ONU declarou 2021 a 2030, a Década da Restauração dos Ecossistemas como parte de ações para reverter centenas de danos causados a florestas, pantanais e ecossistemas em todo o mundo.
Brasil, Austrália e Estados Unidos
Em comunicado, divulgado em sua página na internet, o Pnuma lembra dos incêndios florestais na Amazônia, no ano passado, assim como na Austrália e na costa oeste dos Estados Unidos como um momento de um chamado à ação. Milhões de dólares foram destinados a programas de incentivo à restauração das matas com a plantação de mais árvores.
A iniciativa TerraMatch afirma que é preciso compreender bem o terreno na hora de plantar para saber que tipos de árvores devem ser cultivadas em uma área em particular. A proposta é parte do Instituto Mundial de Recursos (WRI, na sigla em inglês) e quer conectar o dinheiro doado com o conhecimento e o cultivo.
Planos
O gerente da plataforma, Aaron Minnick, contou que as pessoas apoiam a plantação de árvores por vários motivos, mas para se alcançar esse objetivo é preciso ter conhecimento do terreno. E para ele, a meta da iniciativa é reunir os patrocinadores com os especialistas locais para desenvolver planos com base no entendimento mútuo e com muito mais chances de sucesso.
A TerraMatch tem uma página online e um aplicativo que funciona fora da internet em Iphone e Android. Os patrocinadores recebem informação sobre o andamento dos projetos e os processos de análise. Já os especialistas locais ficam a par de uma conexão de confiança sobre uma ampla carteira de financiamento.
O Pnuma afirma que as árvores são, sem dúvida, um investimento inteligente para manter a temperatura do planeta na medida certa, absorver o dióxido de carbono e filtrar a poluição do ar. Elas também ajudam a mitigar os desastres naturais regulando a temperatura, estabilizando a terra e protegendo as plantações. As árvores ajudam ainda a reduzir riscos de patógenos passarem de animais para as pessoas.
Biodiversidade
Para a TerraMatch, a história está cheia de exemplos de plantações em massa de árvores que deram errado. Árvores plantadas em áreas de pastagens na Austrália, no Brasil e na África do Sul acabaram causando danos às plantas locais e aos animais além de reduzir o fluxo hídrico da região.
Já no Quênia um tipo de árvores conhecido como Mesquita, cultivada para combater a desertificação, se espalhou de forma tão agressiva que aniquilou a vegetação nativa, bloqueando estradas e canais de irrigação, causando grandes perdas econômicas e à biodiversidade.
A técnica desenvolvida pela plataforma já ajudou a canalizar mais de US$ 2 milhões dos patrocinadores para os cultivadores. Nas florestas e fazendas de Ruanda, cooperativas lideradas por mulheres, estão plantando 42 mil árvores nativas, isolando terraços e encostas e evitando a erosão. Com isso, eles estão produzindo uma fonte sustentável de madeira e água para a comunidade.
Amazônia
Já na Amazônia peruana, os agricultores estão cultivando mais de 300 mil árvores para proteger a biodiversidade da Reserva Nacional Tambopata, além de proteger as plantações de cacau, que são uma fonte de renda para mais de 10 mil peruanos na região.
A TerraMatch informa que deve destinar mais fundos para o próximo ano. No México, proprietários de terra estão plantando cerca de 500 mil árvores conhecidos como Palo de Tinto. Assim tentam proteger mais de 1,5 mil hectares de habitat de onças pintadas e de macacos bugio. A iniciativa também pode estocar 100 mil toneladas de CO2.
Nas florestas andinas, as comunidades indígenas estão plantando árvores medicinais, e que são fonte de alimento e de água.
Para o Pnuma, nunca se deve subestimar o poder de um pequeno grupo de pessoas com um propósito. A transformação quase sempre parte de governos, empresários e cidadãos numa comunidade com metas e ações específicas de mudanças.