Vínculos afetivos, ainda durante a gestação, são essenciais para fortalecer laços afetivos entre pai e bebê, bem como evitar alguns transtornos psicológicos e de saúde para a mãe. Isso é o que mostra alguns estudos sobre o assunto, e que tem o contexto fortalecido por uma pesquisa realizada pelo site Trocando Fraldas.
Gestantes e mães apontam que tanto a presença ou a participação paterna, ainda na gravidez, é extremamente importante; especialistas e outras pesquisas apontam avanços até em termos de saúde, quando participação paterna é predominante.
O levantamento aponta a importância do pai durante a gestação e criação da criança, e que tipo de participação os pais possuem, de fato. Uma margem de 10% das pesquisadas apontou que não contam com nenhum tipo de apoio do pai da criança. Este dado mostrou predominância nos estados do Amapá, Roraima e Rio Grande do Norte. Mesmo assim, em uma média geral, 84% indicou que o pai manifestava o desejo de ter filhos.
Sobre a presença paterna na gestação ou vida da criança, 69% das mulheres avaliam que o pai é ou será muito participativo e 89% apontou que a presença do pai é de extrema importância. Um número considerável de 86% diz que o pai é acolhedor, mas 12% delas apontaram que por alguma razão não mantiveram o relacionamento com o pai.
Das mães que contam com pensão alimentícia para a criança, 26% apontaram que contam com o benefício, mas 60% do grupo indicou que o valor não é suficiente para as despesas necessárias. Sobre o tipo de apoio que os pais mais prestam, as mães avaliaram que a participação financeira, afetiva e presencial é amplamente dedicada por 63% dos pais.
Outro estudo realizado pela Universidade de Standford, nos Estados Unidos, que utilizou dados de saúde da Suécia, onde a licença-maternidade pode ocorrer pelo período de 16 meses pagos, e os pais podem ficar 30 dias não consecutivos fora do trabalho, mostra que a participação deles é muito importante para a saúde delas. Os pais podem desfrutar do benefício em qualquer período no primeiro ano de vida da criança.
Os dados do levantamento indicaram que, a partir de janeiro de 2012, quando o país colocou em vigor a licença-paternidade de um mês, nos primeiros seis meses após a chegada de um bebê, houve uma redução de 26% nos diagnósticos de ansiedade, quando comparadas às mães que deram à luz pouco antes de a lei entrar em vigor. Além disso, houve uma redução de 14% nas hospitalizações ou visitas a especialistas em saúde e uma redução de 11% na prescrição de antibióticos para essas mulheres.
Nos EUA, país onde foi realizado o estudo, não existe em vigor ou prevista qualquer tipo de licença para os pais. Sobre a necessidade deste vínculo tanto durante a gestação como no pós-parto, a ginecologista e obstetra Dra. Maíra de La Rocque analisa a importância de o companheiro conhecer o obstetra que vai cuidar da saúde da esposa e mãe da criança, e que entenda cada momento do processo da gestação, quais são os exames e porque eles são pedidos.
“É essencial que se crie o vínculo pelas escutas fetais, que acompanhe o crescimento do bebê, que participe das informações etc. Esses detalhes que, em conversas, mostram interesse tanto na relação entre pais, quanto em se manter mais antenado no contato com o obstetra, ajudam a criar essa aproximação com o próprio filho”, pontua.
Para a especialista, a presença do pai na sala de parto pode ser muito construtiva para a relação do casal e dos dois com a paternidade. “Eu sempre digo que o homem não sente os reflexos físicos que a mulher sente durante a gestação. Normalmente, para o marido a ficha só cai no momento do nascimento. Então, o que ajuda nesse entendimento para o homem é o acompanhamento, o estar do lado o tempo todo e a demonstração de interesse por tudo que diz respeito ao universo da gravidez, do pré-natal ao pós-parto”, avalia.
De acordo com o médico e psicólogo, Roberto Debski, que também é especialista em relacionamentos familiares, antes de ser um casal os pais devem pensar na situação de que serão, também, responsáveis por uma vida, e para sempre. “Para o casal que tem uma conexão afetiva, e que resolve se separar, deve permanecer a consciência de que sempre haverá uma prioridade. Pela hierarquia familiar, os maiores cuidarão dos menores, eles continuarão sendo pais e devem continuar com o papel para a criança que necessita deles. Não que a criança deva servir de pilar de sustentação para o relacionamento que deu errado. Ela deve ser cuidada, protegida e educada, exclusivamente”, finaliza.