
A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou uma queda expressiva, segundo a mais recente pesquisa da Quaest Consultoria, encomendada pela Genial Investimentos. Realizada entre os dias 23 e 26 de janeiro, o levantamento apontou que, pela primeira vez desde o início da série histórica, a rejeição ao presidente ultrapassou a aprovação. Os números mostram que 49% dos entrevistados desaprovam a gestão de Lula, enquanto 47% a aprovam. A margem de erro é de um ponto percentual, o que coloca os índices praticamente empatados.
Pix influenciou
A pesquisa, que ouviu 4,5 mil pessoas presencialmente, reflete os impactos da chamada “crise do Pix”, um tema que ganhou grande repercussão nas redes sociais e gerou críticas ao governo. A proposta de aumentar o controle sobre transações via Pix, com o objetivo de fiscalizar e cobrar mais impostos, foi amplamente debatida, especialmente após um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) atingir 300 milhões de visualizações. Para 66% dos brasileiros, a postura do governo foi equivocada, o que contribuiu diretamente para o aumento da desaprovação.
Comparando com a pesquisa de dezembro de 2024, a aprovação de Lula caiu 5 pontos percentuais, de 52% para 47%, enquanto a desaprovação subiu 2 pontos, de 47% para 49%. Além disso, 65% dos eleitores avaliam que o presidente não tem cumprido suas promessas de campanha, contra apenas 20% que acreditam no contrário.
Avaliação do governo também caiu
A avaliação do governo como um todo também sofreu um revés. A desaprovação subiu de 31% para 37%, enquanto a aprovação caiu de 33% para 31%. A avaliação regular, por sua vez, recuou de 34% para 28%. A “crise do Pix” é apontada como um dos principais motivos para essa deterioração na imagem do governo.
Divisão regional e demográfica
A rejeição ao governo é mais forte entre evangélicos (59%), pessoas autodeclaradas brancas (60%) e cidadãos com renda acima de cinco salários mínimos (59%). No Sul e no Sudeste, a desaprovação chega a 59% e 57%, respectivamente. Por outro lado, Lula mantém maior apoio no Nordeste (60%), entre eleitores que ganham até dois salários mínimos (56%), pessoas autodeclaradas pretas (54%) e idosos com 60 anos ou mais (52%). No entanto, até no Nordeste, sua aprovação caiu 8 pontos, de 67% em dezembro para 59% em janeiro.
Economia e percepção de preços
Outro fator que pesa na insatisfação é o aumento dos preços dos alimentos. Em outubro de 2024, 65% dos brasileiros já consideravam os preços altos; agora, esse número saltou para 83%. Já a percepção sobre os custos de combustíveis e contas de água e luz permaneceu estável. A visão sobre a economia também não é animadora: 39% acham que a situação piorou, 32% acreditam que está igual, e apenas 25% veem melhora. O percentual dos que consideram a economia estagnada subiu de 22% em outubro para 32% em janeiro.
Intenções e futuro do governo
Apesar da rejeição crescente, 47% dos brasileiros ainda acreditam que Lula tem boas intenções, contra 46% que discordam. No entanto, a insatisfação com a gestão econômica e a possibilidade de novos impostos, como no caso do Pix, têm ampliado a rejeição popular.
Em resumo, a pesquisa Quaest sinaliza um momento delicado para o governo Lula, com aumento da rejeição, especialmente entre grupos conservadores e de maior renda. Ainda assim, o presidente mantém uma base de apoio considerável, principalmente no Nordeste e entre as camadas mais populares. O desafio agora é reverter a percepção negativa e reconquistar a confiança dos eleitores.