Piscicultura no Espírito Santo cresce e conquista novo patamar de produção

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Piscicultura capixaba cresceu 7,25% em 2024, mas setor pede agilidade no licenciamento para continuar avançando.

O crescimento capixaba acompanha uma alta também registrada no cenário nacional. A piscicultura brasileira alcançou 968.745 toneladas em 2024, crescimento de 9,21% em comparação às 887.029 toneladas de 2023.

MAPA confirma dados e destaca potencial de crescimento no estado

Os dados apresentados pela Peixe BR estão alinhados com as informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e da Pesca (MAPA), que reconhece a piscicultura como a atividade aquícola de maior expansão no país. Segundo o Boletim Anual da Pesca e Aquicultura 2025, publicado pelo MAPA, o Espírito Santo se destaca entre os estados da região Sudeste com maior potencial de crescimento nos próximos anos, principalmente devido à proximidade com mercados estratégicos e à disponibilidade de recursos hídricos.

O MAPA reforça que, além do crescimento da tilápia, o estado apresenta oportunidades para diversificação, incluindo espécies nativas e marinhas, desde que superadas demandas estruturais, como a agilização do licenciamento ambiental e a melhoria da infraestrutura de processamento e comercialização.

Linhares lidera produção no Espírito Santo

O município de Linhares segue como maior produtor de peixes de cultivo do Espírito Santo, de acordo com o levantamento do IBGE. Juntos, os dez maiores municípios produtores respondem por mais de 80% da produção estadual:

📍 1. Linhares
📍 2. Domingos Martins
📍 3. Guarapari
📍 4. Marechal Floriano
📍 5. Santa Leopoldina
📍 6. Alegre
📍 7. Santa Teresa
📍 8. Alfredo Chaves
📍 9. Água Doce do Norte
📍 10. São Domingos do Norte

Histórico de produção e retomada do crescimento

Os dados do Anuário Peixe BR 2025 mostram que a produção de peixes de cultivo no Espírito Santo vinha enfrentando oscilações nos últimos anos:

📊 2020: 18.532 toneladas
📊 2021: 18.700 toneladas
📊 2022: 17.900 toneladas
📊 2023: 19.030 toneladas
📊 2024: 20.410 toneladas

A retomada do crescimento em 2024 é reflexo de melhorias no manejo, investimentos em tecnologia e maior acesso a mercados consumidores.

Estrutura e desafios do setor no Espírito Santo

Espécies mais produzidas em 2024

🐟 Tilápia: 19.910 toneladas
🐟 Peixes nativos: 500 toneladas

Estrutura produtiva no estado (Fonte: Bússola Farm/Peixe BR 2025)

📍 Área total de viveiros: 4.839 hectares
📍 Número total de viveiros: 24.196
📍 Tanques-rede: 1.043

Burocracia trava expansão da piscicultura capixaba

Tanto a Peixe BR quanto o MAPA destacam que a burocracia nos processos de licenciamento ambiental é um dos principais entraves para o avanço do setor no Espírito Santo. A demora na obtenção de licenças para novos projetos inibe investimentos e impede a ampliação de áreas produtivas.

Além disso, o setor enfrenta gargalos na industrialização, o que afeta a capacidade de agregar valor ao pescado e diversificar os produtos ofertados ao mercado. A falta de unidades de beneficiamento e processamento adequadas limita a capacidade de exportar para outros estados e de atender redes de varejo mais exigentes.

Vantagens competitivas e potencial de mercado

Mesmo com esses desafios, o Espírito Santo possui vantagens naturais que tornam o estado um polo atrativo para a piscicultura:

Clima tropical favorável
Extensas áreas planas
Abundância de recursos hídricos
Localização estratégica perto de grandes centros consumidores (Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia)

Segundo Lucimary Soromenho Ferri Nascimento, extensionista do Incaper, essa combinação de fatores é uma vantagem competitiva importante, mas precisa ser apoiada por políticas públicas efetivas e parcerias entre governo e setor privado para consolidar o crescimento sustentável.

Espírito Santo no ranking nacional

Apesar do crescimento, o Espírito Santo ainda ocupa uma posição modesta no cenário nacional. Veja como ficou o ranking de produção de peixes de cultivo em 2024, segundo o Anuário da Piscicultura 2025:

1️⃣ Paraná – 250.315 toneladas
2️⃣ São Paulo – 93.200 toneladas
3️⃣ Minas Gerais – 72.800 toneladas
4️⃣ Santa Catarina – 59.100 toneladas
5️⃣ Rondônia – 56.900 toneladas
6️⃣ Maranhão – 54.500 toneladas
7️⃣ Mato Grosso – 44.520 toneladas
8️⃣ Mato Grosso do Sul – 40.500 toneladas
9️⃣ Bahia – 36.450 toneladas
🔟 Pernambuco – 35.700 toneladas

📍 16º lugar – Espírito Santo: 20.410 toneladas

Perspectivas para 2025 e além

Com investimentos em infraestrutura, incentivos para inovação e maior agilidade nos processos de licenciamento, o Espírito Santo pode melhorar sua posição no ranking nacional e ampliar sua participação no mercado regional.