A produção industrial no Brasil recuou 1,2% em novembro em comparação a outubro, quebrando a sequência de altas dos três meses anteriores. É o pior novembro desde 2015, quando a indústria caiu 1,9%, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal, divulgada hoje (09/01) pelo IBGE. De janeiro a novembro, o índice acumulou queda de 1,1%; em 12 meses, recuou 1,3%.
“A queda verificada em novembro eliminou uma parte importante do crescimento atingido nos meses anteriores, sendo que 16 categorias, dentre as 26 avaliadas, tiveram queda”, ressalta o gerente da pesquisa, André Macedo.
Uma das principais influências negativas foi o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,4%). “Mas é comum que a produção de automóveis seja elevada nos meses de setembro e outubro e reduza no final do ano, por conta férias coletivas”, explica Macedo.
Outra produção que teve forte influência na queda foi a de produtos alimentícios (-3,3%), eliminando quase toda a expansão verificada no mês anterior (3,6%). “O crescimento vinha sendo alavancado pelo aumento nas exportações de carne e da produção de açúcar. A carne continua em expansão, mas o açúcar tem uma volatilidade maior, tanto por conta de condições climáticas quanto em função da demanda por etanol, que também é produto da cana-de-açúcar”, destaca o gerente da pesquisa.
A indústria extrativa também teve queda expressiva (-1,7%), acumulando recuo de 4,6% em três meses consecutivos. E outras contribuições negativas relevantes vieram de outros produtos químicos (-1,5%), de máquinas e equipamentos (-1,6%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-5,7%), de celulose, papel e produtos de papel (-1,8%), de produtos de minerais não-metálicos (-1,8%) e de metalurgia (-1,1%).
Entre as grandes categorias econômicas, a de bens de consumo duráveis foi a que teve o recuo mais acentuado, de 2,4%, puxado principalmente pela menor produção de automóveis. Perdeu assim parte do ganho de 3,9% acumulado no período setembro-outubro de 2019, mas cresceu 0,7% frente a igual período do ano anterior e acumulou ganho de 2% de janeiro a novembro.
Já os bens de consumo semi e não duráveis, apesar da queda de 0,5% em relação a outubro, avançou 1,1% em relação a novembro de 2018, acumulando alta de 0,8% no ano. O desempenho foi explicado, em grande parte, pela expansão observada no grupamento de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (1,9%), impulsionado, principalmente, pela maior fabricação de sucos concentrados de laranja, cervejas, chope, carnes e miudezas de aves congeladas, refrigerantes e pães.
Apesar de todas as quatro grandes categorias terem assinalado resultado negativos em novembro, apenas a de bens intermediários teve desempenho negativo no acumulado do ano até novembro (-2,2%). O segmento teve queda de 1,5% em relação ao mês anterior e de 2,8% em relação a novembro de 2018, refletindo, especialmente, a queda verificada no setor extrativo.
E a categoria de bens de capital teve o recuo mais elevado na comparação de novembro de 2019 com o mesmo período do ano anterior (-3,1%). Teve grande influência nesse resultado a queda observada no grupamento para equipamentos de transporte (-4,8%), pressionado, principalmente, pela menor fabricação de caminhão-trator para reboques e semirreboques, embarcações para transporte de pessoas ou cargas (inclusive petroleiros e plataformas), caminhões e reboques e semirreboques (inclusive para uso agrícola). Em relação ao mês anterior, a queda foi de 1,3%. Contudo, no acumulado dos 11 meses do ano, o setor ficou com taxa positiva (0,2%).
Fonte: Agência IBGE