Reeducação alimentar: equilíbrio ou restrição?

Na busca pelo ideal estético muitas pessoas aderem a dietas restritivas, excluindo grupos de alimentos com a finalidade de cortar calorias ou até mesmo algum nutriente que “ouviu falar” que pode ser maléfico para a saúde. Entretanto, a restrição alimentar pode causar danos à saúde por tirar do cardápio alimentos ricos em nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo.

“A recomendação é que as pessoas passem por um processo de reeducação alimentar para que possam, com autonomia, escolher quais alimentos serão consumidos e em que quantidade”, explica Ana Paula Del’Arco, nutricionista e consultora da Viva Lácteos. A especialista acrescenta que mudanças de hábitos e organização da rotina são os primeiros passos para uma reeducação alimentar mais eficiente.

Uma das dicas é planejar o cardápio da semana, incluindo refeições baseadas no princípio da variedade alimentar. Uma dieta equilibrada é fundamental para garantir que o organismo receba todos os nutrientes e em quantidades necessárias.

Leis da Nutrição

Ana Paula Del’Arco esclarece que há Leis da Nutrição pautadas na variedade e no equilíbrio quantitativo e qualitativo das refeições para preconizar uma dieta saudável e garantir mais saúde. Essas leis foram estruturadas pelo médico e professor argentino Pedro Escudero, reconhecido internacionalmente pelo trabalho acadêmico que desenvolveu na área da nutrição. Elas estão divididas em quatro categorias: 

– Lei da Quantidade: refere-se ao total calórico consumido e à quantidade de nutrientes ingeridos, que devem suprir as necessidades, sem excessos e sem deficiências;

– Lei da Qualidade: refere-se aos nutrientes necessários para o adequado funcionamento do organismo, devendo as refeições serem variadas com todos os grupos alimentares;

– Lei da Harmonia: se traduz pelo equilíbrio, onde deve haver distribuição e proporcionalidade entre os nutrientes, para otimizar a absorção, metabolização e ação dos nutrientes no organismo;

– Lei da Adequação: clama-se pelo respeito à individualidade, onde deve haver a adequação da dieta às necessidades de cada indivíduo, de cada ciclo da vida, do estado fisiológico e de saúde, além de respeitar os hábitos alimentares e as condições socioeconômicas e culturais de cada indivíduo.

Doce, mas saudável

O paladar doce faz parte não só da alimentação, mas da cultura e da memória afetiva das pessoas, desde a amamentação, em que o leite materno é o primeiro alimento consumido pelo ser humano e tem sabor doce. Desde cedo as papilas gustativas estão aptas ao paladar doce, sendo os demais aprimorados com o tempo.

Na dieta balanceada, o sabor doce não precisa ficar de fora. Reduzir a quantidade de açúcar do café, consumir sucos de frutas naturais sem adição de açúcar e comer doce moderadamente são atitudes que contribuem para a manutenção da saúde do corpo.

Se consumido em excesso, o açúcar impacta negativamente, causando obesidade e doenças crônicas não transmissíveis, que já são observadas com mais frequência desde a infância.

Reeducação alimentar na pauta de políticas públicas

Os alimentos com paladar bem doce já são bastante aceitos pelos consumidores brasileiros e essa aceitação acaba influenciando na formulação de produtos industrializados. Então para reeducar o paladar e a alimentação, Ana Paula Del’Arco acredita que é necessário criar políticas públicas focadas na educação nutricional.

“Uma das ações cabe ao setor produtivo de alimentos, que deve se organizar e pactuar com acordos intersetoriais para a redução do teor de açúcar dos alimentos, com o objetivo de alterar os hábitos alimentares de toda uma população para interferir positivamente na saúde das pessoas. Contudo esta ação não pode e não deve ser isolada, devendo haver ações concomitantes de educação nutricional, para que a aquisição de conhecimento possa impactar efetivamente na mudança dos hábitos das pessoas”, finaliza a nutricionista.