O secretário-geral da ONU disse esta segunda (26) que o mundo está “enfrentando uma dramática emergência climática”. António Guterres está em Biarritz, na França, para participar na reunião anual do G7, que começou no sábado e termina esta segunda-feira.
Falando a jornalistas, o chefe da ONU lembrou que “o mês passado foi o mês mais quente já registrado” e que o mundo está “a caminho dos anos entre 2015 e 2019 serem os cinco anos mais quentes já registrados.”
Ao mesmo tempo, o nível de dióxido de carbono, CO2, na atmosfera é o mais alto desde que existe vida humana e é necessário recuar três ou cinco milhões de anos para obter concentrações semelhantes. Nesse período, as temperaturas eram mais altas e o nível dos mares era 10 a 20 metros superior.
Guterres também disse que a segunda maior calota de gelo, na Groenlândia, “está derretendo dramaticamente” e que, apenas durante o mês de julho, cerca de 179 bilhões de toneladas de gelo derreteram.
O secretário-geral destacou ainda incêndios na Sibéria, no Alasca, no Canadá, na Groenlândia e no Círculo Polar Ártico e disse que o mundo “agora vê o que está acontecendo na Amazônia.”
Encontro
António Guterres disse que participa do encontro para mobilizar apoio para a Cúpula/Cimeira do Clima, que acontece em Nova Iorque em setembro.
Segundo ele, a situação é agora “muito pior” do que era quando foi assinado o Acordo de Paris. De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, é “absolutamente necessário” manter o aumento da temperatura em 1,5 graus celsius até o final do século, atingir a neutralidade em carbono em 2050 e ter 45% redução de emissões até 2030.
Compromisso
O chefe da ONU afirmou que “é absolutamente essencial que os países se comprometam a aumentar o que foi prometido em Paris, porque o que foi prometido não é suficiente e nem sequer está sendo implementado.”
Segundo Guterres, é preciso “mais ambição e um compromisso mais forte.”
O secretário-geral quer que os países assumam o compromisso de ser neutros em carbono em 2050. Também diz ser necessário transferir os impostos das pessoas para o carbono, eliminar subsídios aos combustíveis fósseis e parar com a construção de centrais elétricas a carvão em 2020.
Segundo ele, “tudo isso requer muita vontade política” e “o G7 foi uma excelente oportunidade de apelar para o forte envolvimento da comunidade internacional.”
Ele terminou dizendo que “os jovens têm liderado o caminho, mas é “preciso que os países, especialmente os que pertencem ao G7, deem um exemplo positivo.”
Viagem
Na terça, o secretário-geral viaja para Yokohama, no Japão, para participar da 7ª Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento Africano, Ticad.
No sábado, 31 de agosto, chegará à República Democrática do Congo para uma visita de três dias para fazer um balanço e mobilizar apoio adicional à resposta ao surto de ebola.
Na província de Kivu do Norte, ele se encontrará com sobreviventes e profissionais de saúde e também avaliará a implementação, pela missão de manutenção da paz da ONU, Monusco, do seu mandato.
O secretário-geral irá se encontrar ainda com o presidente do país outros altos funcionários do governo, membros da oposição e representantes de organizações da sociedade civil.
Fonte: ONU News