Semana de Prevenção da Gravidez na Adolescência termina neste sábado com alerta sobre riscos e desafios

Imagem de Daniel Reche por Pixabay

A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, que se encerra neste sábado, 8 de fevereiro, reforça a importância de ações educativas e preventivas para reduzir os altos índices de gestação precoce no Brasil. Dados recentes do DataSUS mostram que, em 2023, foram registrados 289.093 partos de adolescentes entre 15 e 19 anos, representando 11,39% do total de nascimentos no país. Entre meninas de 10 a 14 anos, houve 13.932 partos (0,55%), um número alarmante, já que relações sexuais com menores de 14 anos são consideradas crime de estupro de vulnerável.

A gravidez na adolescência traz riscos graves à saúde das jovens mães e dos bebês. Complicações como hemorragias, eclâmpsia, partos prematuros e depressão pós-parto são mais frequentes nessa faixa etária. Além disso, a gestação precoce impacta a vida escolar, profissional e social das adolescentes, perpetuando ciclos de pobreza e desigualdade.

Falta de informação e acesso a métodos contraceptivos

A jornalista Raiane Azevedo, que engravidou aos 14 anos, relata que a falta de acesso à informação qualificada sobre saúde sexual e reprodutiva foi um dos principais fatores que contribuíram para sua gravidez precoce. “Na época, não havia diálogo sobre o assunto em casa ou na escola. Eu também não sabia que poderia buscar atendimento nos postos de saúde sem acompanhamento dos pais”, conta.

Raiane destaca a importância de incluir os meninos nas discussões sobre saúde sexual. “Muitas vezes, a responsabilidade da maternidade recai apenas sobre as meninas. É essencial que os garotos também sejam orientados sobre seus direitos e responsabilidades”, afirma.

Desigualdades regionais e raciais

As estatísticas revelam que a gravidez na adolescência afeta principalmente meninas negras e residentes nas regiões Norte e Nordeste. Esses números refletem desigualdades históricas, como o racismo estrutural, a exclusão social e a falta de acesso a serviços de saúde de qualidade.

Ações preventivas e educação em saúde

A atenção primária à saúde é a principal porta de entrada para o cuidado integral dos adolescentes no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as boas práticas recomendadas estão a busca ativa de adolescentes em situação de risco, o atendimento a jovens desacompanhados e a identificação de casos de violência sexual.

Programas como o Saúde na Escola (PSE) também são fundamentais para promover a educação em saúde, envolvendo adolescentes, jovens e suas famílias em diálogos sobre sexualidade, métodos contraceptivos e prevenção de gravidez precoce.

Vila Velha

Em Vila Velha, as Unidades de Saúde de Paul e de Terra Vermelha vão promover, hoje (6) e amanhã (7), respectivamente, ações educativas para conscientizar e esclarecer jovens sobre escolhas mais seguras e saudáveis em relação à saúde sexual e reprodutiva e reduzir a incidência de gravideza precoce.

A equipe da Unidade de Saúde de Paul vai promover, às 8h30, na Estação Leopoldina, uma roda de conversa conduzida pela médica Maria Catarina Sarmento Valle, referência da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Vila Velha na saúde do adolescente. Em pauta, temas como a prevenção da gravidez na adolescência e os reflexos desta gestação, além de informações sobre infecções sexualmente transmissíveis, processo para inserção de DIU, métodos contraceptivos, acesso para a realização de testes rápidos e divulgação do atendimento prestado na Unidade de Saúde voltado a este público.

Já na Unidade de Saúde de Terra Vermelha a ação educativa será conduzida pela equipe multiprofissional, formada pela assistente social, psicólogo, e enfermeiro, às 14 horas.

Saúde e educação

Vila Velha reconhece a importância de dar visibilidade à questão da gravidez na adolescência em todo o município, considerando as particularidades de cada região da cidade. A abordagem é feita de forma abrangente e inclusiva, com o objetivo de criar um ambiente mais seguro e informativo, onde os jovens possam fazer escolhas conscientes e responsáveis.

Entre as iniciativas realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde estão palestras em grupos de adolescentes nas Unidades de Saúde e em escolas, com a participação das equipes multidisciplinar do Programa Saúde na Escola (PSE), e a busca ativa através do Agentes Comunitários de Saúde (ACS) das adolescentes grávidas. Uma vez que são identificadas, elas são encaminhas para consultas de pré-natal e para as equipes multi e interdisciplinares necessárias nessa fase.

Dados em Vila Velha

De acordo com o último estudo realizado com os dados disponíveis no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), atualizado em 29 de janeiro de 2025, no ano de 2024, o município registrou um total de 5.225 nascidos vivos. Dentre esses, 459 foram filhos de mães com menos de 20 anos, o que representa 8,78% do total de nascimentos. Desses 459 casos, 12 (equivalente a 0,23%) são de mães na faixa etária de 10 a 14 anos, enquanto 447 (ou 8,55%) são de adolescentes entre 15 e 19 anos.