Terceira idade: Dicas para treinar o cérebro na quarentena e identificar quando o esquecimento é preocupante

Imagem de Sabine van Erp por Pixabay

A estimulação cognitiva é um importante tratamento contra a perda de memória, autonomia e qualidade de vida de idosos

A população brasileira está em trajetória de envelhecimento. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que até 2060, 1 a cada 4 brasileiros será idoso – ou seja, 25,5% da população. De acordo com a pesquisa, a parcela de pessoas com mais de 65 anos alcançará 15% da população já em 2034, ultrapassando a barreira de 20% em 2046. Para um envelhecimento saudável, além dos exercícios físicos, é necessário estabelecer uma rotina de exercícios para o cérebro.

“Assim como o corpo, o cérebro também tem seu envelhecimento natural, sem necessariamente implicar patologia ou doença. Com a idade, o sistema nervoso apresenta alterações como dificuldades de aprendizagens e esquecimento, mas a capacidade intelectual pode ser mantida sem dano cerebral até idades mais avançadas”, explica a terapeuta ocupacional, Coordenadora do Núcleo da Terceira Idade da Clínica Holiste, Michelle Campos.

A especialista separou uma lista de atividades que funcionam como exercícios cognitivos, ainda mais nesse momento de isolamento social. Todas as atividades propostas devem levar em consideração as condições físicas, psicológicas e sociais do indivíduo.

Jogos – Oferecer estímulos cognitivos através de jogos como quebra-cabeça, baralho, dominó, caça-palavras, sudoku, são boas opções de passatempo e de estimulação cognitiva.

Leitura e Escrita – Se possível e se for do agrado do idoso, atividades de leitura e escrita estimulam o cérebro, a memória e funções motoras importantes. Nesse sentido, é possível incluir o aprendizado de um novo idioma, um novo curso ou mesmo a troca de mensagens pelo celular com a família e amigos.

Artesanato – Quem diria que o hábito do tricô, crochê, marcenaria, costura, entre outras atividades artesanais seria um grande aliado para uma vida saudável. A estimulação visual, de memória e tátil proposta pelo artesanato pode ajudar a manter a capacidade intelectual ativa por muito mais tempo.

Atividades Físicas – Com autorização médica, atividades físicas também devem ser estimuladas. Desde uma caminhada, a esportes ou mesmo a dança, são importantes aliados do corpo e da mente. Além disso, após a pandemia, é recomendável estimular atividades externas e sociais, como ir ao supermercado, salão de beleza, shopping, cinema, teatro.

A profissional complementa que as funções cognitivas são responsáveis por receber, armazenar e processar as informações. Essas capacidades – atenção, percepção, memória, funções executivas, orientação e juízo – conferem ao idoso a capacidade de gerir a própria vida e, por isso mesmo, são essenciais para uma velhice saudável e ativa.

Quando o esquecimento é preocupante?

Com a idade, alguns idosos desenvolvem doenças neurodegenerativas ou transtornos psiquiátricos leves, moderados e graves. Nesses casos, o cuidado familiar precisa contar com o auxílio profissional de saúde mental para garantir a qualidade de vida. É importante estar atento a alguns sinais que podem indicar diagnósticos mais complexos:

Perda de memória – Esquecimento de palavras, nomes, locais que deixou determinados objetos como chave, carteira, esquecimento de eventos e situações importantes da vida a curto prazo ou a longo prazo.

Mudança de humor – Mudança ou oscilação de comportamento (agitado, agressivo, hostil, desinibido, lentificado, pouco comunicativo).

Desorientação – A desorientação no tempo e espaço é um sinal importante: não saber o dia, a hora ou local que se encontra, assim como a cidade/estado atual.

Rotina – Problemas ao fazer tarefas diárias habituais, por exemplo, esquecer como fazer uma receita que já é de costume, não conseguir pagar uma conta, ou até mesmo esquecer como dirigir. Atividades rotineiras que se tornam um desafio.

Quando diagnosticado que há comprometimento das funções neurológicas, ainda é possível alcançar uma melhor qualidade de vida através de exercícios direcionados por profissionais de saúde mental

De acordo com a especialista, uma rotina de exercícios personalizada com estratégias orientadas por metas e objetivos a serem alcançados, ajuda no tratamento. As sessões devem acontecer com uma frequência de duas, três ou quatro vezes por semana em dias alternados, com duração média de uma hora e podem ser feitas on line.