Uma iniciativa apoiada pelas Nações Unidas revela que 135 países terão testes que podem ser feitos pela própria pessoa de HIV a menos de US$ 2 cada, graças a um novo acordo. A parceria envolve a Unitaid, agência ligada à Organização Mundial da Saúde e especializada na compra de medicamentos a preços mais baixos, e a empresa americana de produtos farmacêuticos Viatris, por meio da subsidiária Mylan.
O teste rápido de sangue deverá se expandir de forma significativa no mercado e reduzir o custo do produto quase pela metade. Os usuários poderão ter mais opções para saber o seu status, numa realidade onde o mais frequente é o autoteste oral.
O acesso a estes testes é considerado um fator essencial para que o mundo atinja a meta global de 90% das pessoas conhecendo o seu status sorológico. Nos últimos seis anos, essa taxa passou de 45% para 81%.
A parceria realça que pessoas sabendo do status sorológico podem iniciar o tratamento e reduzir a carga viral. Esse tem sido um desafio em países de rendas baixa e média, que também lidam com barreiras como o estigma e as dificuldades de obtenção destes recursos pelos serviços de saúde.
O acordo é fechado seis anos depois de a Unitaid ter investido pela primeira vez no mercado de autotestes de HIV. Outras opções disponíveis custam pelo menos US$ 1 a mais.
Acesso
De acordo com o diretor de Programas da Unitaid, Robert Matiru “o anúncio terá um impacto concreto na capacidade dos países de ter autotestes acessíveis, numa base de saúde centrada nas pessoas.”
Espera-se que a aquisição do novo produto seja mais fácil e a inserção nos sistemas de saúde resulte no tratamento de 8 milhões de pessoas potencialmente soropositivas que não o sabem.
A diretora de Programas Globais de HIV, Hepatite e IST da OMS, Meg Doherty, o anúncio “é particularmente oportuno agora, pois o autoteste de HIV se tornou uma escolha importante durante a Covid-19, permitindo que as pessoas façam o teste quando outras opções são de difícil acesso ou restritas.”
O programa teve mais de dois anos de implementação na África do Sul. Para o diretor de Estratégias de Prevenção do HIV no Departamento Nacional de Saúde, Thato Chidarikire, após o impacto positivo o país comprará mais testes com fundos locais.
Em território sul-africano aumentou o número de pessoas testadas com idades entre 19 e 24 anos, bem como entre as populações consideradas prioritárias, que era o principal objetivo da intervenção.
Demanda
A parceria usará o autoteste Mylan de HIV, fabricado pela Atomo Diagnostics Limited, e o da Abbott que está ainda em revisão regulatória. Cerca de 1 milhão de unidades devem ser distribuídas para estimular a demanda na África do Sul.
A Ásia também acolheu a etapa experimental da iniciativa que distribuiu 5 milhões de kits desde 2020. Até 2023, a ideia é que os países comprem 21 milhões. Os protocolos de autoteste já integram políticas de saúde de mais de 85 governos.
Fonte: ONU News