Três Anos de Guerra na Ucrânia: direitos das mulheres e meninas em retrocesso

Image by freepik

Violência de gênero subiu 36% desde 2022; um ano depois, 72,5% dos desempregados no país eram mulheres; ano passado, elas dedicaram 56 horas por semana a cuidados com crianças sem qualquer pagamento.

A guerra na Ucrânia, que completa três anos em 2024, deixou um rastro de devastação não apenas nas cidades, mas também nos direitos e na qualidade de vida de mulheres e meninas. Desde a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, a violência de gênero aumentou 36%, o desemprego feminino atingiu 72,5% do total de desempregados no país, e a carga de trabalho não remunerado, como cuidados com crianças, subiu para 56 horas semanais. Esses números revelam um cenário alarmante de retrocessos em conquistas históricas.

Impactos da Guerra na Vida das Mulheres

Mais de 1,8 milhão de mulheres foram forçadas a se deslocar internamente devido aos conflitos, enquanto 6,7 milhões precisam de assistência humanitária. A ONU estima que mais de 3.799 mulheres e 289 meninas foram mortas desde o início da guerra, embora o número real possa ser ainda maior. Além disso, os níveis de depressão entre mulheres e meninas atingiram patamares preocupantes, agravados pela sobrecarga de responsabilidades domésticas e pela falta de acesso a empregos dignos.

A participação das mulheres no mercado de trabalho também sofreu um golpe duro. Em 2023, elas representavam 72,5% dos desempregados no país e recebiam 41,4% menos que os homens para desempenhar as mesmas funções. A guerra também as afastou dos espaços de poder e decisão, reduzindo sua influência na reconstrução do país.

Resistência e Oportunidades Emergentes

Apesar dos desafios, as mulheres ucranianas têm liderado a resistência e mostrado resiliência. Hoje, metade dos negócios no país é fundada por mulheres, e novas oportunidades surgiram em setores tradicionalmente masculinos, como segurança, transporte e desminagem. Essas iniciativas demonstram o potencial feminino para impulsionar a reconstrução da Ucrânia, mas ainda dependem de apoio internacional.

Sabine Freizer Gunes, representante da ONU Mulheres na Ucrânia, destacou a importância do financiamento de organizações lideradas por mulheres para promover a igualdade de gênero e garantir a participação feminina na reconstrução do país. “Sem a plena participação das mulheres, não será possível reconstruir a Ucrânia como uma sociedade igualitária e responsiva em matéria de gênero”, afirmou.

Apoio Internacional e Caminho à Frente

Em 2023, a ONU Mulheres apoiou mais de 180 mil meninas e mulheres afetadas pela guerra, oferecendo assistência humanitária, capacitação e oportunidades de liderança. No entanto, os desafios permanecem imensos. A reconstrução da Ucrânia exigirá não apenas a reconstrução de infraestrutura, mas também a restauração dos direitos e da dignidade de suas mulheres e meninas.