
Mãe com câncer na cabeça dá à luz a um menino e realiza sonho da maternidade apesar dos riscos.
Com delicadeza e esperança, o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) se tornou palco de uma história de amor e superação. Pâmela Souza, uma guerreira de 30 anos, carregava em seu ventre não apenas um filho, mas também o desejo profundo de ser mãe, um sonho acalentado por dez anos ao lado de seu companheiro, Rilles.
Há cinco anos Pâmela luta contra um câncer na cabeça. Em meio às sessões do tratamento ela se viu diante de um milagre e um dilema. A gravidez, uma surpresa divina, reacendeu a chama da esperança de realizar um sonho, colocando-a diante de uma encruzilhada: interromper a gestação para priorizar o tratamento ou seguir em frente, nutrindo a esperança de dar à luz seu tão sonhado bebê.
Pâmela, com a coragem que só o amor materno pode inspirar, escolheu a segunda opção. O Hucam, um farol de esperança em meio à tempestade, abriu suas portas e acolheu Pâmela e Rilles com profissionalismo e afeto. Uma equipe multidisciplinar, composta por obstetras, oncologistas, neurologistas, enfermeiros, assistentes sociais, neonatologistas, psicólogos, especialistas em cuidados paliativos e nutricionistas, uniu forças para garantir o bem-estar de mãe e filho.
A gravidez, classificada como de alto risco, exigiu um parto prematuro, com 28 semanas de gestação. No dia 6 deste mês, Ravi Souza veio ao mundo, pesando apenas 1,2kg. O pequeno guerreiro foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neonatal) do Hucam, onde permanece sob os cuidados atentos da equipe médica.
Rilles, um marido dedicado e pai amoroso, compartilhou a história da família com o mundo, na esperança de inspirar outras pessoas a nunca desistirem de seus sonhos. “Nesses 10 anos de casamento, ela sempre quis ser mãe, sempre quis ter um filho. E foi uma gravidez de surpresa. Todos aqui no Hucam nos abraçaram”, disse Rilles, emocionado. “Mas ela está em estágio terminal de um câncer na cabeça. Não sabia se ela iria voltar da sala de parto com vida”, completou.
Quase um milagre
A obstetra Carolina Ferrugini, chefe da Unidade Materno-Infantil do Hucam, ressaltou a singularidade do caso: “Trata-se de uma doença rara, o que, por si, torna o caso especial. Além disso, a gravidez fazendo tratamento com rádio e quimioterapia não é comum. E também porque, apesar do prognóstico restrito, ela resistiu tempo suficiente para levar a gravidez até uma idade gestacional que viabilizava a vida do bebê. Temíamos que ela não resistisse ao parto”.
Após seis longos dias de espera, Pâmela teve a oportunidade de conhecer seu filho. Em um momento de lucidez, ela sorriu, pronunciou o nome de Ravi e expressou sua gratidão aos profissionais que a cercavam. O encontro, registrado em vídeo pela família, emocionou a todos que tiveram a oportunidade de testemunhá-lo.
Rilles, agora dedicado integralmente aos cuidados de Pâmela e Ravi, tem recebido apoio de amigos e familiares, que se uniram em uma rede de solidariedade para garantir que o pequeno Ravi não lhe falte nada. “Fico alegre em saber que Pâmela está feliz por ter realizado esse sonho. Parei minha vida profissional para cuidar dela, para honrá-la na saúde e na doença. O amor tudo vence”, concluiu Rilles, com a voz embargada pela emoção.
A história de Pâmela, Rilles e Ravi é um testemunho da força do amor, da esperança e da fé. É uma ode à vida, que, mesmo diante das maiores adversidades, encontra um jeito de florescer.