Um suicídio ocorre a cada 40 segundos no mundo, diz OMS

“Uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos no mundo” disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao comentar o relatório global sobre o suicídio, divulgado pela OMS. O documento informa que o número de países com estratégias nacionais de prevenção ao suicídio aumentou nos cinco anos desde a publicação do primeiro relatório global da (OMS) sobre o tema. Esta terça (10) é o Dia Mundial para Prevenção do Suicídio.

No entanto, o número total de países com estratégias ainda é baixo, e os governos precisam se comprometer a estabelecê-las, afirmou a organização. Dos 183 países integrantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 38, entre eles o Brasil, contam com uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio. Embora represente um aumento de quase 35% em comparação aos 28 países que, já em 2014, tinham estabelecido políticas públicas para lidar com o tema, o resultado ainda é considerado insuficiente pela OMS.

“Toda morte é uma tragédia para a família, amigos e colegas. No entanto, suicídios são evitáveis. Chamamos todos os países a incorporarem estratégias comprovadas de prevenção ao suicídio em seus programas nacionais de saúde e educação de maneira sustentável.” disse o diretor-geral da OMS.

A taxa global de suicídio padronizada por idade para 2016 foi de 10,5 por cada 100 mil pessoas. As taxas variaram amplamente entre os países, de cinco mortes por suicídio por cada 100 mil a mais de 30 por cada 100 mil.

Enquanto 79% dos suicídios no mundo ocorreram em países de baixa e média renda, os países de alta renda apresentaram a maior taxa — 11,5 para cada 100 mil. Quase três vezes mais homens morrem por suicídio que mulheres em países de alta renda, em contraste com os países de baixa renda, onde a taxa é mais igual.

O suicídio foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, estando atrás apenas dos acidentes de trânsito. Entre adolescentes de 15 a 19 anos, o suicídio foi a segunda principal causa de morte entre meninas (após condições maternas) e a terceira principal causa de morte entre meninos (após acidentes de trânsito e violência interpessoal).

Os métodos mais comuns de suicídio são enforcamento, envenenamento por pesticidas e armas de fogo. As principais intervenções que demonstraram sucesso na redução de suicídios incluem restringir o acesso a estes meios; orientar a mídia sobre a cobertura responsável sobre o tema; implementar programas entre os jovens para desenvolvimento de habilidades que lhes permitam lidar com o estresse da vida; identificação precoce, gerenciamento e acompanhamento de pessoas em risco de suicídio.

Regulação de pesticidas: uma estratégia subutilizada, mas altamente eficaz

A intervenção com o mais iminente potencial de reduzir o número de suicídios restringe o acesso a pesticidas usados para o auto envenenamento. A alta toxicidade de muitos pesticidas significa que essas tentativas de suicídio geralmente levam à morte, particularmente em situações em que não há antídoto ou onde não há instalações médicas nas proximidades.

Conforme indicado em outra publicação da OMS divulgada nesta segunda (9) — Preventing suicide: a resource for pesticide registrars and regulators —, há um corpo crescente de evidências internacionais indicando que a regulação para proibir o uso de pesticidas altamente perigosos pode levar a reduções nas taxas nacionais de suicídio.

O país mais estudado é o Sri Lanka, onde uma série de proibições levou a uma queda de 70% nos suicídios e cerca de 93 mil vidas salvas entre 1995 e 2015. Na Coreia do Sul, a proibição do herbicida “paraquat” em 2011, responsável pela maioria das mortes por suicídio nos anos 2000, fez com que o número de mortes de suicídios por intoxicação por pesticidas entre 2011 e 2013 caísse pela metade.

Qualidade dos dados precisa melhorar

O registro oportuno e o monitoramento regular do suicídio em nível nacional são a base de estratégias nacionais eficazes de prevenção. No entanto, apenas 80 dos 183 Estados-membros da OMS para os quais foram produzidas estimativas em 2016 possuíam dados vitais de registro de boa qualidade.

A maioria dos países sem esses dados era de baixa e média renda. Uma melhor vigilância permitirá estratégias mais eficazes de prevenção ao suicídio e relatórios mais precisos do progresso em direção às metas globais.

Neste 10 de setembro, a OMS lança em colaboração com parceiros globais — World Federation for Mental Health, International Association for Suicide Prevention e United for Global Mental Health — a campanha 40 seconds of action. O ponto culminante da campanha será no Dia Mundial da Saúde Mental, em 10 de outubro, cujo foco deste ano também é a prevenção do suicídio.

Com informações da ONU News