O uso de tabaco caiu de forma significativa desde o ano 2000, segundo um novo relatório da Organização Mundial da Saúde, OMS. Mas essa redução não é suficiente para cumprir os objetivos internacionais de redução de consumo para 30% até 2025.
No Dia Mundial sem Tabaco, marcado esta quinta (31), a agência da ONU juntou-se com a Federação Mundial do Coração para destacar a ligação entre tabaco e doenças cardiovasculares.
Medidas
A especialista em vigilância de tabaco da OMS Adriana Gomes falou com a ONU News, de Washington, sobre este novo relatório. Gomes explicou quais as principais medidas relacionadas à redução de consumo.
“São as medidas de proibição de uso de produtos de tabaco em ambientes coletivos, as medidas de proibição de propaganda, patrocínio e promoção destes produtos. A questão também da adoção das imagens de advertência nas embalagens para informar a população sobre os riscos destes produtos e quais os danos que causam à saúde. Uma das principais medidas também é o aumento de impostos”.
Coração
Doenças cardiovasculares são uma das maiores causas de mortalidade no mundo, causando 44% de mortes por doenças não comunicáveis ou 17,9 milhões de mortes.
Segundo a OMS, fumar ou ser exposto ao fumo são duas grandes causas destas doenças, causando cerca de 3 milhões de mortes por ano. Apesar destes números, Adriana Gomes diz que existe falta de informação sobre as consequências de fumar.
“A população sabe que o tabaco causa câncer, câncer de pulmão especificamente. Este era uma mensagem que, muitas vezes, era a única mensagem que a população recebia com relação aos efeitos do tabaco. Mas vários estudos já comprovaram que também é responsável por grande percentual das doenças cardiovasculares. A adoção das imagens de advertência nas embalagens promove o aumento dessa informação”.
Na China, por exemplo, mais de 60% das pessoas não sabe que fumar causa ataques do coração. Na Índia e na Indonésia, mais de metade da população desconhece que fumar causa acidente vascular encefálico.
Desafio
Segundo a OMS, compromissos globais e nacionais estabeleceram a meta de reduzir o uso de tabaco em 30% entre o ano 2000 e 2025 entre as pessoas com mais de 15 anos. A este ritmo, o objetivo não será atingido e, no final do prazo, a redução será de apenas 22%.
Apesar deste desafio, a especialista da OMS acredita que ainda é possível atingir os valores propostos.
“Os países têm um grande desafio adiante, mas é possível se se trabalhar em conjunto, se se adotarem estas medidas. Temos exemplos de países onde a adoção destas medidas impacta sem dúvida no consumo. Aí é possível que tenhamos um maior resultado até 2025. É importante destacar que, se chegando à meta de redução aos níveis que foram estabelecidos, isso tem um impacto importante na redução da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis”.
Resultados
Segundo a pesquisa da OMS, com o título “Relatório Global de Tendências sobre o Fumo de Tabaco 2000-2025”, o tabaco continua a matar mais de 7 milhões de pessoas todos os anos.
Cerca de 27% da população mundial fumava no ano 2000. Esse número caiu para 20% em 2016. Em todo o mundo, 1,1 bilhão de pessoas fumam. Apesar da redução na percentagem de fumantes, este número não sofre alterações desde o ano 2000, devido ao aumento da população.
Os homens continuam a fumar mais do que as mulheres. Em 2000, 43% usava este produto, comparado com 34% em 2015. Quanto às mulheres, o número passou de 11% para 6%. Em todo o mundo, 7% de jovens entre os 13 e os 15 anos usam cigarros.
Mais de 80% das pessoas que fumam vivem em países de renda baixa ou média, onde o número de pessoas que usa tabaco está a reduzir a uma velocidade mais baixa do que nos países de renda alta.